"Não sei por que te vais embora, isto estava perfeito contigo", revela Tiago Fernandes
Em menos de um ano, foi adjunto de Peseiro no Sporting, técnico interino, dos sub-23 e treinador do Chaves. E se exigente foi arrancar a temporada em Alvalade, ir para o Chaves foi um risco assumido.
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Sporting, Chaves, a crise em Alvalade, a formação e até o título. Tiago Fernandes não deixou nada por dizer a O JOGO...
Foi quase tudo no Sporting antes de rumar a Chaves. Como olha para 2018/19?
-Foi uma época de aprendizagem, de evolução e conhecimento, com aspetos fundamentais na vida de um treinador: passar por diversas experiências em vários contextos; foi superprodutiva e aumentou o meu leque de conhecimentos, porque tive de tomar decisões, tive de arriscar. É isso que faz crescer um treinador. Depois de ser adjunto, técnico interino e dos sub-23 do Sporting, assumi o risco de sair para o Chaves - muitos não o correriam, mas esta é a minha forma de ser.
Estreou-se como técnico principal do Sporting a 4 de novembro de 2018. Um objetivo cumprido?
-Aconteceu de forma natural. Preparei-me bem durante os 10 anos em que estive naquela casa. Na primeira palestra que dei, na altura aos sub-15, lembro-me de lhes perguntar qual é que era o objetivo, o sonho deles. Praticamente todos disseram que era chegar à equipa principal e eu disse: o meu também, por isso, vamos trabalhar, porque vamos conseguir lá chegar. O Elves Baldé recordou-me essas palavras num treino.
Qual a primeira mensagem que transmitiu ao grupo?
-Já estava com estes jogadores todos os dias e tínhamos uma relação fantástica. Para seres bom treinador, tens de ser um bom líder, independentemente do currículo e de quem já os tenha treinado. Tens de ter ideias próprias, convicções e, claro, qualidade. Foi o que fizemos. Todos perceberam a minha ideia: ganhar ao Santa Clara, nos Açores, não perder em Londres [contra o Arsenal] e ganhar em nossa casa, frente ao Chaves.
Que momento o marcou mais como interino?
-Primeiro a despedida, após o Chaves, onde até os capitães discursaram. Há, contudo, um jogador que me marcou muito, alguém com larga experiência, que venceu troféus importantes lá fora, e que na viagem de regresso de Londres, após o Arsenal, passou por mim, pediu para se sentar, falar comigo e disse: "Não sei por que te vais embora. Isto estava perfeito contigo.""
Quer revelar quem foi?
- Ele sabe quem é.
Como é que começou tudo, num ano de retoma após uma época de declínio?
- No início da época, Sousa Cintra chamou-me para uma reunião. Pegámos o touro pelos cornos, formámos o plantel principal, o de sub-23 e até uma equipa B, que não avançou. Mudámos o balneário todo, dissemos aos jogadores que o 15 de maio já era passado e que teríamos de dar um passo em frente, porque o Sporting não poderia parar. Garantiu-se o regresso do Bruno [Fernandes] do Bas [Dost] e do Battaglia - formámos uma equipa competitiva, que dava para lutar pelo título. Se não tivéssemos perdido jogadores pelo caminho, devido a lesão, teríamos uma equipa capaz de lutar com Benfica e FC Porto. Reorganizámos o Sporting e a entrada do presidente Frederico Varandas foi, depois, muito importante.