"Fui com Sousa Cintra a França buscar o Rafael Leão e voltámos com ele no mesmo dia"
Falhanço redondo com um miúdo, garante, que tem a mesma qualidade que João Félix. Miguel Luís, Gedson e Demiral também entram na galeria de "famosos" de Tiago, que conta histórias de todos. Sporting, Chaves, a crise em Alvalade, a formação e até o título: o treinador não deixou nada por dizer a O JOGO.
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Já assumiu que disse a Sousa Cintra que o regresso do Rafael Leão tinha de ser uma prioridade. Abordou o jogador para voltar?
- Fui buscá-lo a França.
E não assinou porquê?
- Porque não foi possível resolver as coisas. Gosto tanto do Rafael que senti que ele não estava feliz e que não tinha a vida resolvida. Fui com o Sousa Cintra a França e voltámos com ele no mesmo dia. Porquê? Sentia que estivesse no Sporting seria titular indiscutível. O que o [João] Félix está a viver no Benfica poderia estar a viver o Rafael, também.
É do nível de João Félix?
- Nada deve a João Félix.
Como técnico interino do Sporting, Tiago realizou três jogos oficiais: bateu o Santa Clara, nos Açores, empatou em Londres, frente ao Arsenal, e saiu depois de ultrapassar o Chaves, no José Alvalade
Miguel Luís jogou sempre consigo como interino...
- É um jovem que me marcou muito. Nos juniores, andávamos "pegados", porque achava que podia tirar muito mais dele. Há um episódio marcante na África do Sul, após um jogo de um torneio que lá fizemos: no balneário, confrontei-o à frente dos colegas e ele ficou desesperado; mas fi-lo porque senti que era um crime ver um jogador daqueles treinar-se e a jogar de uma forma, quando podia ser o dobro... Após um ano a treinar comigo, passou de suplente da Seleção Nacional a campeão da Europa, a titular da equipa B sendo júnior. Passou a ser, mais tarde, bicampeão da Europa. Depois dessa "pega", percebeu o que é ser titular do Sporting.
"O Gedson gosta de mim e eu dele. Quando tinha 16, 17 anos disse-lhe que era um crime estar a jogar como lateral-direito"
Também tem uma relação próxima com Gedson, que lhe deu a camisola na Luz.
- O Gedson gosta de mim e eu dele, porque quando tinha 16, 17 anos, disse-lhe que era um crime ele jogar a lateral-direito no Benfica, quando era dos melhores médios da Europa na idade dele. Ficou a olhar para mim... A partir daí, falámos, almoçámos e dei-lhe conselhos. O que o vi a fazer como médio, nunca tinha visto - isto falando de jogadores com a sua idade. Disse-lhe que ia chegar à equipa principal, mal tivesse uma oportunidade, porque tinha um talento incrível; disse-lhe, também, que ia chegar à equipa principal do Sporting e que lhe ia continuar a ganhar. Por acaso não aconteceu nesse jogo, pois acabámos por empatar [1-1]
Trabalhou com Demiral, central do Sassuolo já reservado pela Juventus. Saiu precocemente?
- Levei-o à experiência para o Sporting, quando ainda estava no Alcanenense. Se fosse eu a decidir, nunca o teria deixado sair, pois caso houvesse uma lesão de Mathieu ou Coates, sentia que ele seria titular indiscutível da defesa do Sporting. É um central fantástico.