Declarações de José Mourinho, treinador do Benfica na antevisão ao jogo com o Rio Ave, jogo em atraso da primeira jornada da I Liga e agendado para as 20h15 de terça-feira, no Estádio da Luz
Corpo do artigo
Esforço financeiro? "Vou responder duro e cru. E mais uma vez, ou acreditam em mim ou não acreditam. Se eu ficasse em casa até ao final da época, ganhava mais do que a trabalhar no Benfica. É simplesmente assim. Se ficasse em casa a usufruir da família, a estar em Londres, a trazer a família a Portugal, a ir para o Algarve, a dar umas voltas por aí, ganhava mais do que no Benfica. Nem se pode dizer que estou cá grátis. Estou cá negativo. O você diz: porquê? Porque gosto muito de trabalhar, tinha saudades de jogar para aquilo que o Benfica joga. Tinha saudades de jogar para o título. Não pude de jogar para o título na Roma e no Fenerbahçe. É uma oportunidade ótima para mim enquanto treinador e pessoa. Estar em casa não é para mim, e pôr-me à prova, correr riscos, estar sujeito a ganhar, a perder, estar sujeito num dia a ser muito bom e noutro péssimo, são tudo coisas que me alimentam, que me tiram da zona de conforto. Bem sei que uma mentira repetida as pessoas pensam a determinado momento que é verdade. A verdade é só uma: se eu ficasse em casa até julho eu ganhava mais do que a trabalhar no Benfica. Esta é a verdade pura."
Reação dos adeptos no primeiro jogo na Luz: "Eu fui ao Estádio da Luz várias vezes, principalmente em momentos bons do Benfica nos últimos anos, nunca vou a estádios quando os momentos não são bons. Fui a Alvalade, ao Dragão fui agora. Gosto de ir nos momentos bons e escondidinho lá em cima numa boa onde estavam os pais do António Silva, do João Neves na altura, gente tranquila. Estou familiarizado com o estádio, aprendes as músicas, são bonitas, ritmadas, com significado. Esse tem de ser o Benfica. Se calhar purista, mas não acredito que haja um benfiquista que não queria ganhar. Se calhar sou naif, mas não acredito que amanhã esteja um único benfiquista no estádio que não queira ganhar. Tem de haver festa no principio, tem de haver apoio durante e depois, no final de cada jogo, o Benfica ou ganha, ou não ganha mas sai morto. Morto de cansaço, de fadiga, de tentar. E quando isso acontece, nos dias em que as coisas não correm bem, não correm bem para nós nem para as pessoas. Perder como perdemos contra o Qarabag, as pessoas não se identificam com isso. Antes do jogo festa, durante o jogo apoio, e no final do jogo festa ou respeito por quem deu tudo e não tinha mais a dar."
Elogios ao capitão e à formação: "Isto é uma equipa de miúdos, com um homem, que é campeão do mundo, carradas de experiência ao mais alto nível, que é o capitão. Há clubes onde o capitão leva a braçadeira, mas verdadeiramente não o é. Já estive clubes onde a braçadeira não estava no braço certo. Pode acontecer. Neste caso a braçadeira está no braço de alguém que é verdadeiramente capitão e que se assume como capitão e tem peso como tal, o que me surpreendeu favoravelmente. Desde já o mérito é muito claro, quem vem da formação, mais velhos ou mais jovens, inclusive jogadores que estiveram no banco, o Gonçalo e o Diogo que nem no banco ficaram, esta gente vem com vocabulário ligado... não são palavras soltas. São palavras com significado, vêm com a escola Benfica, com positividade. São quase irmandade, miúdos que se amam, viveram e cresceram juntos, aquele grupo de miúdos são muito fortes no balneário. Mesmo aqueles que não têm jogado ou estão num estado inferior da formação. Mando já recado. Tenho de lhes agradecer, é de lá quem vem."