Novo calendário incluiu 10 jogos sem parar, algo que só acontece uma vez por ano.
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Um calendário non-stop, para começar a 4 de junho e ser concluído a 26 de julho, não é exatamente uma novidade para as principais equipas portuguesas, embora o volume total de jogos a disputar sem paragens significativas exceda aquilo que é normal nas fases mais apertadas.
Na verdade, só uma vez por ano é que FC Porto, Benfica e Sporting costumam ter pelo menos 10 jogos sem interrupção competitiva.
Em 2019/20 aconteceu precisamente antes de o novo coronavirús parar todas as competições. Nessa altura, o FC Porto recuperou a liderança ao Benfica e fechou um ciclo de 17 jogos com 64% de triunfos. E, das quatro derrotas, duas foram para a Liga Europa e uma na final da Taça da Liga. O Benfica ficou-se apenas por quatro triunfos em 11 desafios (36%). A lista não é tão grande como a dos dragões, porque após os primeiros quatro jogos do ano civil, os encarnados tiveram folga de nove dias por não estarem a disputar a final da Taça da Liga. Essa foi, aliás, a derrota mais dura dos azuis e brancos neste período. As outras aconteceram contra o Bayer Leverkusen (dois jogos de Liga Europa) e também Braga, mas para o campeonato. A título de curiosidade, já agora, refira-se que os bracarenses foram os melhores na fase mais intensa da época: 11 triunfos em 13 jogos. Rúben Amorim saiu para o Sporting logo a seguir. Os leões, já agora, ganharam apenas seis de 13 desafios. E também por isso caíram para o quarto lugar.
Para efeitos de contabilidade, explicamos aquilo que consideramos por paragem competitiva: férias, jogos de seleções ou fim de semana de descanso por causa do calendário ou por já ter sido eliminada de qualquer competição. Ou seja, na primeira metade da época há sempre três paragens para jogos internacionais (setembro, outubro e novembro) e o Natal também costuma trazer férias. Os meses de janeiro, fevereiro e março são os mais intensos, especialmente se as equipas ainda estão em todas as provas, como é o mais normal nos grandes, essencialmente em FC Porto e Benfica, as duas equipas que têm repartido a conquista dos campeonatos nos últimos anos. A Liga 2019/20 voltará a ser para um dos rivais. E há 10 jornadas em perspetiva, mais um confronto direto ao 11º jogo, na final da Taça da Portugal. Nunca qualquer equipa terá folga, pelo que a série que se avizinha está ao nível das que agora recordamos.
Uma derrota decisiva estragou série 2018/19
Voltando ao assunto principal e às contas. O que sucedeu em 2019/20 confirma a tendência nas equipas de Sérgio Conceição: quanto mais o calendário aperta, melhor é a resposta do grupo. Em 2018/19, por exemplo, os dragões jogaram de novembro a março sem ter pausas competitivas (não houve férias de natal e a equipa chegou aos quartos de final da Champions). Em 27 jogos, apenas duas derrotas, mas uma decisiva, por ter sido contra o Benfica, em casa e ter custado a liderança e, depois, o título nacional. Foram 78% de vitórias. Os encarnados acordaram com Bruno Lage e foram cirúrgicos na reta final da fase mais intensa da época, mas terminaram esses 29 jogos ligeiramente abaixo dos dragões em matéria de eficiência (76%), culpa de alguns desaires europeus e da eliminação na meia-final da Taça da Liga. Já agora, ainda que o Sporting não tenha disputado o título, refira-se que concluiu os meses de janeiro/fevereiro/março com 63% de vitórias contra os tais 78% do FC Porto.
Em 2017/18, o Benfica nunca chegou a ter 10 jogos sem parar em algum fim de semana. O Sporting fechou a série mais difícil com 52% de eficácia e o FC Porto também não foi brilhante, mas ainda assim terminou por cima (64%).
Rotação de Sérgio chegou a 25
Uns com (muito) mais tempo, outros com (muito) menos, mas a verdade é que só dois jogadores do plantel principal não foram úteis em campo nesta fase mais apertada da época que a Covid-19 interrompeu. Mbaye, o terceiro guarda-redes, sem qualquer surpresa. Tomás Esteves, lateral-direito, também. Sérgio Conceição utilizou 25 jogadores nesse período. Um deles - Saravia - foi emprestado entretanto, mas os outros 24 continuam às ordens no Olival. Mbemba foi o único a participar nos 17 jogos, seguido de Alex Telles e Corona (16). Marega, Soares, Díaz e Sérgio Oliveira estiveram em 15 desafios e Marcano em 14 deles, embora sempre de início ao fim, quando os anteriores tiveram substituições para descansar.
Curioso é que o treinador só permitiu ao espanhol e a Tiquinho que folgassem a sério durante uns dias. Foram os únicos que a meio do calendário falharam jogos cirúrgicos que lhes possibilitaram ter mais de uma semana para recuperar. Sérgio Oliveira e Díaz também, mas um a abrir, quando ainda não era intocável, o outro a fechar, por se ter lesionado.