Diretor de comunicação do FC Porto salienta que New York Times e New Yorker foram duas publicações que se dedicaram ao assunto
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Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto, afirmou esta quarta-feira em tribunal que, no Porto Canal, avançou com a divulgação de informações privadas do Benfica porque, no seu entender, as mesmas tinham "interesse público".
O funcionário portista declarou que decidiu "tornar público para que toda a gente soubesse o que estava a acontecer", acrescentando mesmo que teve em conta o interesse em particular dos adeptos, "para que soubessem as vigarices, para que soubessem que o jogo não era limpo e que não havia verdade desportiva".
Ao mesmo tempo, explicou, outro objetivo seu era o "de parar com aquelas práticas", referindo-se neste caso a eventuais ilegalidades cometidas no universo benfiquista, frisando que "houve sempre cuidado" em não revelar dados confidenciais das pessoas envolvidas.
"Salta à vista, aos meus olhos, que aquilo tem interesse público. Aliás, era tão evidente que até o New York Times se interessou, assim como a revista New Yorker", prosseguiu, estranhando que só em Portugal exista quem considere que as informações em causa "não tinham interesse público".
"Não entendo como se pode questionar o interesse público destas informações", disse a seguir J. Marques, justificando, segundo a mesma lógica: "A violação do direito das pessoas dos seus mails não serem vistos, era, aos meus olhos, um interesse inferior ao interesse do público ter conhecimento daquelas práticas."
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Este caso da divulgação dos e-mails remonta a 2017 e 2018, na sequência da divulgação no Porto Canal de correio eletrónico que terá sido retirado do sistema informático do Benfica.
O julgamento tem como arguidos o jornalista e ex-diretor do Porto Canal Júlio Magalhães, o diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, e Diogo Faria, diretor de conteúdos do canal dos dragões.
Francisco J. Marques é acusado de três crimes de violação de correspondência ou de telecomunicações, três crimes de violação de correspondência ou de telecomunicações agravados, em concurso aparente com três crimes de devassa da vida privada, e um crime de acesso indevido. O diretor de comunicação do FC Porto responde ainda por cinco crimes de ofensa a pessoa coletiva agravados e um crime de ofensa à pessoa coletiva agravado na sequência de uma acusação particular.
O diretor de conteúdos Diogo Faria responde por um crime de violação de correspondência ou de telecomunicações e um crime de acesso indevido, além de um crime de ofensa à pessoa coletiva agravado em acusação particular.
Por último, Júlio Magalhães está acusado pelo Ministério Público de três crimes de violação de correspondência ou de telecomunicações agravados, em concurso aparente com três crimes de devassa da vida privada, bem como cinco crimes de ofensa a pessoa coletiva agravados.
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