Francisco J. Marques: "Mostrámos que não pode haver pagamentos pela porta do cavalo"
Diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques acredita que o resultado de todo este caso foi positivo para o futebol português
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Francisco J. Marques disse na tarde desta quarta-feira no Juízo Central Criminal, ao Campus da Justiça em Lisboa, que, no seu entender, a divulgação dos e-mails do Benfica, que ajudou a levar a cabo no Porto Canal, entre 2017 e 2018, teve um efeito positivo no futebol português.
"Nós, com a divulgação, tivemos dois objetivos principais. O primeiro deles era o interesse público. O segundo, muito importante, era travar aquelas práticas", disse, aludindo a alguns comportamentos alegadamente menos éticos, que eram relatados em alguns dos e-mails.
"Isso teve efeito de facto. Nós sentimos que o ambiente nas competições de futebol se alterou", prosseguiu exemplificando que um dirigente da arbitragem pediu aos encarnados "bilhetes para ir ver um jogo a Dortmund". "Esse tipo de práticas eu julgo que desapareceram e uma das razões foi precisamente essa, mostrar que não pode haver pagamentos pela porta do cavalo".
Nesse sentido, para J. Marques, a FPF, "que é uma instituição" de utilidade pública, "não pode fazer pagamentos ao Benfica através da porta do cavalo". "O presidente dos árbitros pedir bilhetes não é razoável", afirma. "Travar isto era muito importante e nós fizemos estas revelações também a pensar nisso", prosseguiu o diretor de comunicação dos dragões, arguido neste caso, na sequência da divulgação no Porto Canal de correio eletrónico que terá sido retirado do sistema informático do Benfica.
Francisco J. Marques começou esta quarta-feira a depor, terminando amanhã as suas declarações. Outro arguido é o ex-diretor do Porto Canal, Júlio Magalhães, que vem prestar declarações em tribunal no próximo dia 21.
Diogo Faria, diretor de conteúdos do canal dos dragões, é o terceiro arguido, tendo já sido submetido a questões do juiz, da procuradora e dos advogados em causa.
Francisco J. Marques é acusado de três crimes de violação de correspondência ou de telecomunicações, três crimes de violação de correspondência ou de telecomunicações agravados, em concurso aparente com três crimes de devassa da vida privada, e um crime de acesso indevido. O diretor de comunicação do FC Porto responde ainda por cinco crimes de ofensa a pessoa coletiva agravados e um crime de ofensa à pessoa coletiva agravado na sequência de uma acusação particular.
O diretor de conteúdos Diogo Faria responde por um crime de violação de correspondência ou de telecomunicações e um crime de acesso indevido, além de um crime de ofensa à pessoa coletiva agravado em acusação particular.
Por último, Júlio Magalhães está acusado pelo Ministério Público de três crimes de violação de correspondência ou de telecomunicações agravados, em concurso aparente com três crimes de devassa da vida privada, bem como cinco crimes de ofensa a pessoa coletiva agravados.
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