No julgamento do caso dos e-mails do Benfica, o diretor de Comunicação do FC Porto acabou de prestar declarações em tribunal
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Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto, estabeleceu esta quinta-feira, em tribunal, uma relação entre os êxitos internos da equipa de futebol do Benfica e o domínio que, alegadamente, exercia de forma ilícita em várias instituições relevantes no futebol português.
"O período em que teve mais sucesso da sua história foi neste período em que teve o tal controlo numa série de instituições, entre as quais a Liga de Clubes", afirmou Francisco J. Marques em depoimento efetuado esta quinta-feira no julgamento do caso dos e-mails do Benfica, no Juízo Central Criminal, ao Campus da Justiça, em Lisboa.
Esta declaração foi produzida na sequência da denúncia de uma suposta troca de e-mails entre Mário Figueiredo (presidente da Liga entre 2012 e 2014) e Paulo Gonçalves (assessor jurídico da SAD do Benfica), em que, no seu entender, tinha ficado"evidente a subserviência da Liga ao Benfica", tendo a Liga "o dever de equidistância em relação aos 36 clubes que a compõem". E, afirmou ainda, "ficou muito claro que Mário Figueiredo estava ao serviço do Benfica".
Estas afirmações foram produzidas na sequência de um e-mail que terá sido enviado por Nuno Cabral, então delegado da Liga, a Paulo Gonçalves, a queixar-se de "não ter tido jogos da I Liga" nessa época. O assessor do Benfica terá então contactado o presidente da Liga, Mário Figueiredo, no sentido de o pressionar a "ajudar" Cabral, ao que este terá acedido. Francisco J. Marques acusou também Mário Figueiredo de "subserviência em relação a Luís Filipe Vieira".
Este caso foi apresentado hoje em tribunal como justificação do interesse público das intervenções de Francisco J. Marques a este propósito no programa "Universo de Bancada", do Porto Canal.
"Se não há interesse público em revelar isto, então o serviço público não existe", afirmou.
Marques terminou esta quinta-feira as suas declarações no julgamento, em que é um dos três arguidos. Outro arguido é o ex-diretor do Porto Canal, Júlio Magalhães, que vai prestar declarações em tribunal no próximo dia 21.
Diogo Faria, diretor de conteúdos do canal dos dragões, é o terceiro arguido, tendo já sido submetido a questões do juiz, da procuradora e dos advogados em causa.
Francisco J. Marques é acusado de três crimes de violação de correspondência ou de telecomunicações, três crimes de violação de correspondência ou de telecomunicações agravados, em concurso aparente com três crimes de devassa da vida privada, e um crime de acesso indevido. O diretor de comunicação do FC Porto responde ainda por cinco crimes de ofensa a pessoa coletiva agravados e um crime de ofensa à pessoa coletiva agravado na sequência de uma acusação particular.
O diretor de conteúdos Diogo Faria responde por um crime de violação de correspondência ou de telecomunicações e um crime de acesso indevido, além de um crime de ofensa à pessoa coletiva agravado em acusação particular.
Por último, Júlio Magalhães está acusado pelo Ministério Público de três crimes de violação de correspondência ou de telecomunicações agravados, em concurso aparente com três crimes de devassa da vida privada, bem como cinco crimes de ofensa a pessoa coletiva agravados.
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