Diretor de Comunicação do FC Porto esteve esta quinta-feira em tribunal a terminar o seu depoimento no julgamento do caso dos e-mails do Benfica
Corpo do artigo
Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto, contou esta quinta-feira em tribunal que a devassa de um telemóvel de Fernando Gomes foi uma das razões que o levou a optar por divulgar publicamente um conjunto de informações que constavam em e-mails retirados do sistema informático do Benfica.
Segundo defendeu no Juízo Central Criminal, no Campus da Justiça, em Lisboa, as informações que estavam num telemóvel de Fernando Gomes (à data era presidente da Liga e agora tem o mesmo cargo na FPF) foram passadas a Pedro Guerra (que era comentador televisivo ligado ao Benfica) por Carlos Deus Pereira, que "era presidente da mesa da AG da Liga no consulado de Mário Figueiredo". Este último é também "um ex-jogador do Benfica, advogado, presença assídua no camarote da Liga na Luz".
Acusa J. Marques que Carlos Deus Pereira "tinha obrigação de ser isento e imparcial" e que, na altura, "enviou centenas de SMS" que tinham sido retirados de um telemóvel de Fernando Gomes quando este era presidente da Liga. "Não foi um SMS, foram bastantes, em ficheiro excel, que foram enviados para o Benfica", afirmou Marques em tribunal.
Segundo disse, "um presidente da mesa da AG da Liga a enviar informação para um clube não é natural. Partilhar matéria confidencial com um clube é totalmente inaceitável. Para mim, de um ponto de vista ético é o grau zero. Pior que isto é impossível", afirmou.
Marques terminou esta quinta-feira as suas declarações no julgamento citado, em que é um dos três arguidos. Outro arguido é o ex-diretor do Porto Canal, Júlio Magalhães, que vai prestar declarações em tribunal no próximo dia 21.
Diogo Faria, diretor de conteúdos do canal dos dragões, é o terceiro arguido, tendo já sido submetido a questões do juiz, da procuradora e dos advogados em causa.
Francisco J. Marques é acusado de três crimes de violação de correspondência ou de telecomunicações, três crimes de violação de correspondência ou de telecomunicações agravados, em concurso aparente com três crimes de devassa da vida privada, e um crime de acesso indevido. O diretor de comunicação do FC Porto responde ainda por cinco crimes de ofensa a pessoa coletiva agravados e um crime de ofensa à pessoa coletiva agravado na sequência de uma acusação particular.
O diretor de conteúdos Diogo Faria responde por um crime de violação de correspondência ou de telecomunicações e um crime de acesso indevido, além de um crime de ofensa à pessoa coletiva agravado em acusação particular.
Por último, Júlio Magalhães está acusado pelo Ministério Público de três crimes de violação de correspondência ou de telecomunicações agravados, em concurso aparente com três crimes de devassa da vida privada, bem como cinco crimes de ofensa a pessoa coletiva agravados.