Fontelas Gomes sobre o VAR: "Coloca-se o rótulo de árbitros fracos, mas não são"
Presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol concedeu uma entrevista à SIC Notícias.
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Comparação com a época anterior: "Há menos ruído, não só pelo uso do VAR mas também pelas prestações dos árbitros. O sentido do VAR é o de tentar corrigir os erros claros e graves e penso que temos conseguido atingir esse desígnio. Iniciámos o projeto há um ano, fomos pioneiros. Ninguém tinha experiencia com o VAR. Depois caímos numa questão de interpretação de alguns lances, para uns pode ser erro, mas o árbitro pode não interpretar assim".
Erros graves continuam: "O stress na sala de VAR, o árbitro querer tomar a melhor decisão...são humanos que estão a analisar, não vamos acabar com os erros todos, trabalhamos durante a semana para que esses erros claros, que às vezes acontecem, deixem de existir".
Chamada de atenção a Bruno Paixão após o Braga-Rio Ave: "Não lhe chamaria castigo, é uma proteção ao próprio árbitro quando as coisas não correm bem, uma chamada de atenção, perceber porque é que as coisas aconteceram. Todas as decisões e não decisões são avaliadas e penalizadas. O menos que um árbitro quer é não ter jogo no fim de semana seguinte. Não só pela exposição pública mas também porque um árbitro ganha jogo a jogo".
Árbitros que desceram de divisão passaram a VAR permanente: "Há épocas que não correm bem, não quer dizer que sejam maus até porque nas épocas anteriores tiveram boas classificações. Coloca-se o rótulo de árbitros fracos, mas não são. Uns desceram de divisão, outros tomaram uma opção. Tinham experiência. Os árbitros entenderam que este processo de especialização do VAR podia ser uma mais-valia. Os árbitros que estão no quadro permanente do VAR têm formação específica, trabalham connosco durante a semana e com os outros árbitros da primeira categoria".
Modelo de avaliação de árbitros: "Todos os árbitros conhecem as suas notas todas as semanas. À terça-feira visualizamos todos os jogos, os erros ou não que aconteceram. A secção de classificações analisa e na sexta-feira o árbitro conhece a sua nota em termos qualitativos. Os árbitros preferem assim. Só Portugal tem um sistema de classificação de árbitros".
Notas finais dos árbitros deixaram de ser públicas: "Temos uma gestão muito transparente. Os árbitros podem recorrer das suas notas, muitas vezes é dada razão a eles, outras não. Não temos internamente qualquer questão relativamente ao modelo de avaliação. No final da época sabem a classificação e as notas".
Divulgação dos árbitros apenas no dia do jogo: "As alterações que fizemos tinham o objetivo de acabar com a pressão e ruído à volta dos árbitros. Os árbitros estão muito mais satisfeitos".
Custos do VAR suportados pela FPF: "A Liga deveria pagar os custos do VAR. A FPF investiu em condições para os árbitros, já que a Liga não tomava essa opção, e estamos muito satisfeitos por isso".