Cannavaro e Figo são exemplos de que ser o melhor do Euro de Sub-21 é prenúncio de carreira de topo. O JOGO explica o que falta ao médio para o atingir.
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Bolas de Ouro, campeões do Mundo, campeões da Europa, vencedores da Liga dos Campeões, da Liga Europa...
A lista para a qual Fábio Vieira entrou, ao ser nomeado o melhor jogador da fase final do Campeonato da Europa de Sub-21, está recheada de grandes nomes e a conquista do prémio é, regra geral, prenúncio de uma carreira ao mais alto nível.
O médio, que tem apenas mais um ano de contrato com o FC Porto e uma cláusula de rescisão de 30 milhões de euros - as conversas para a renovação devem ser retomadas em breve -, ainda está a dar os primeiros passos no caminho que estrelas como Figo, Cannavaro, Cech e Pirlo percorreram no passado, mas quem com ele trabalha perspetiva-lhe um "futuro enorme".
Rui Jorge declarou-o após a final com a Alemanha, embora ressalvando que o internacional sub-21 "precisa de melhorar alguns aspetos no jogo para ser um jogador completo". Para os descobrir, O JOGO recorreu a um ex-treinador (João Brandão) e dois ex-companheiros (Afonso Sousa e Luís Mata) do jovem portista. E ainda que as opiniões sejam um pouco díspares, a conclusão é igual: Fábio possui talento de sobra, mas tem de querer.
Tendo em conta que se trata de um jogador com apenas 21 anos, João Brandão lembra que Fábio Vieira está longe de ser um produto acabado, até porque a afirmação nas equipas jovens do FC Porto não foi imediata. "Quando chegou aos Sub-19, vinha de uma época em que tinha sido titular pouquíssimas vezes nos Sub-17. Na altura, destacava-se por aquilo que o diferencia: o momento ofensivo, a capacidade técnica, a capacidade de passe longo e curto, a forma como conseguia ir queimando linhas. Nesses anos começou a evoluir mais do ponto de vista defensivo, de transição defensiva", recorda o ex-treinador da formação portista, concordando com a ideia de que o internacional Sub-21 por vezes precisa de ser desafiado. "O Fábio tem uma personalidade muito especial, porque encara bem esse tipo de desafios, quer do ponto de vista competitivo, no treino e no jogo, quer na evolução de algumas necessidades que ainda tem para desenvolver", sustenta.
Afonso Sousa, que percorreu todos os escalões ao lado de Fábio Vieira, testemunhou a forma como o ex-companheiro foi convidado a dar mais no processo defensivo. "Ele sempre teve esse problema na formação [parte defensiva]. Depois, nos juniores, começou a melhorar muito e foi a partir daí que deu o salto. Apesar de estar muito melhor, se ele melhorar ainda mais essa parte, acho que ficará um jogador completo. O resto ele tem", indica.
Ao que o nosso jornal apurou, a carência não se prende tanto com os duelos individuais. Aí, segundo o portal "Wyscout", Fábio (5,8) até tem uma média ligeiramente inferior à de Sérgio Oliveira (6,1) e uma taxa de acerto um pouco mais alta do que a de Uribe (52,9% contra 51,5%), uma vez que a reação à perda quando está próximo da ação é considerada adequada. É quando ela ocorre noutro local e é necessário recuperar a posição, para que o equilíbrio da equipa não se perca, que ainda precisa de afinação.
A característica, refere Luís Mata, "é encarada por algumas pessoas como um "deixa andar"". Mas não é disso que se trata. "É o estilo dele. Às vezes parece aquele típico jogador de rua", compara o antigo lateral-esquerdo da equipa B azul e branca, agora nos polacos do Pogon. "Acho que até já tinha dito isto uma vez a O JOGO. Para mim, a parte mental será o mais importante para o Fábio, porque ele tem talento, tem técnica... Tem tudo. Se não for desleixado e trabalhar bem, não tenho dúvida nenhuma que atingirá o nível superior" antecipa. Nesse sentido, João Brandão é a da opinião que o prémio de melhor do Europeu de Sub-21 deste ano terá um efeito deveras positivo no desenvolvimento de Fábio. "É uma vitamina extra para continuar a evoluir e a melhorar", defende o membro da equipa técnica de Luís Castro. Assim espera o FC Porto. E o futebol português.