Ponta de lança titular não marca desde dezembro, mas Sporting até aumentou vantagem na frente. Paulinho chegou, criou expectativa, mas Amorim também o quer para tirar ainda mais dos dois apoios.
Corpo do artigo
Como é que se explica que o líder do campeonato, com larga distância (nove pontos) para o segundo, o Braga, não tenha um avançado centro a marcar um golo desde 27 de dezembro de 2020, quando Tiago Tomás abriu o ativo no 2-1 na visita ao Belenenses?
Rúben Amorim não quer uma referência virada só à baliza: avançados centro marcam pouco, pois dão palco a Pote e Nuno Santos
Porque, e através da análise que O JOGO concretizou, concluímos que no 3x4x3 de Rúben Amorim, já com sucesso no Minho, a posição do ponta de lança não assume a preponderância da decisão, deixando-a, neste caso, para os jogadores que apoiam o ataque mais descaídos, como Pedro Gonçalves e Nuno Santos, atualmente - no fundo, o leão, não deitando os nove fora, tira-lhes pressão e distribui protagonismo à sua volta.
Partindo, também, da expectativa criada em torno de Paulinho, contratação mais cara da história da SAD - 16 milhões de euros mais IVA, Borja e Sporar - , que, tal como o nosso jornal adiantou, só deve voltar em abril por lesão na coxa esquerda e por quem os adeptos suspiram, esperando, lá está, os golos, explicamos que a chegada do internacional português está relacionada com a necessidade de dar outros argumentos ofensivos ao leão, mas neste caso permitindo a quem joga nos apoios ao centro fazer... ainda mais.
Luís Freitas Lobo, especialista e cronista de O JOGO, ajuda-nos a diferenciar as características de todos os avançados que Rúben usou ao meio - TT, Sporar e Jovane - e explica-nos o porquê de o técnico ter falado em "coisas diferentes" quando se referiu a Paulinho. "O Tiago Tomás é, dos avançados de centro, aquele que melhor ataca a profundidade, o que tem mais metros; o Jovane o que maior dimensão de combate dá e o Sporar, menos explosivo, era o que segurava melhor a bola. O que ganha o Sporting com o Paulinho? Sendo um ponta de lança e tendo golo, dá ao mesmo tempo, essa tal diferença, porque joga muito bem de costas para a baliza, nos apoios e é excelente a dar largura", argumenta, concretizando: "Há jogadores que têm como missão fazer os outros jogarem melhor; no caso do Paulinho, antes de olhar para a baliza olha para a equipa. Já no Braga o fazia, com o Ricardo Horta, com o Iuri Medeiros... No Sporting, os segundos avançados - porque jogam por dentro - que são por exemplo o Pedro Gonçalves e o Nuno Santos vão beneficiar ainda mais das suas características. Concluindo, diz-se que com um nove, joga-se para ele; aqui, todos jogam para todos. Não há referência absoluta."
Os números ajudam a fechar esta análise: repare nas infografias abaixo, onde os avançados de centro não aparecem em destaque nos quatro parâmetros: Pote lidera os golos, os remates e a contribuição para os pontos/apuramentos. Nuno Santos lidera o ranking das assistências.
Tiago Tomás
O miúdo da profundidade
O analista não tem dúvidas que, sem Paulinho, o lugar é para o miúdo. "O Tiago é, entre os avançados de centro, aquele que melhor ataca a profundidade. Sem Paulinho, agora, é a melhor solução, pela velocidade e dimensão física", sustenta.
Jovane
Pouco tempo, muita força
Jovane, por seu lado, dá ao leão boa agressividade. "É o que tem a maior dimensão de combate. É agressivo no bom sentido, vai para cima dos adversários sem receio e é algo que joga a favor dele, essa intensidade", fundamenta Freitas Lobo.
Sporar
Já em Braga, sabia segurar
Depois de fazer uma pequena referência a Vietto, que ainda cumpriu cinco jogos de leão ao peito, Freitas Lobo chuta a bola para... Sporar agarrar - hoje está no Braga. "Menos explosivo, era o que melhor segurava na frente", adianta.
Paulinho
Tem golo e dá largura
E sobre o reforço que Rúben tanto queria? "O Paulinho tem tudo para dar certo. Tem golo, mas, ao mesmo tempo, sabe jogar de costas para a baliza, para quem aparece. Já o fazia no Braga, com o Ricardo Horta e o Iuri. Dá muita largura", explica.