Ex-guardião esteve na última e épica meia-final frente à Juventus e acredita que há qualidade para repetir a dose. A Vecchia Signora é um adversário de alto quilate, mas "não é um bicho-papão". Porém, diz o antigo jogador das águias, a nova equipa encarnada terá de provar em campo "que está no caminho certo".
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É com confiança que Artur Moraes encara o jogo de amanhã entre Benfica e Juventus, em Turim, referente à segunda jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões. Este será um duelo que se repete oito anos depois de uma meia-final da Liga Europa, com contornos épicos, que valeu o apuramento das águias, num desfecho vitorioso que o ex-guardião encarnado acredita poder repetir-se, embora adivinhando que vai ser "preciso saber sofrer".
As imagens dos dois jogos, realizados em abril e maio de 2014 continuam bem frescas na memória do antigo jogador, que defendeu as redes no triunfo na Luz por 2-1 e foi suplente de Jan Oblak no nulo arrancado na segunda partida. "Foi uma meia-final marcante da Liga Europa, com a Juventus muito mais experiente e nós muito confiantes porque já éramos campeões e tínhamos muita qualidade. Fizemos dois grandes jogos e conseguimos demonstrar que éramos muito mais fortes e muito mais equipa que a Juventus", refere Artur Moraes, a O JOGO.
"Um jogo não é nada sem o outro", aponta, mas o segundo encontro foi de uma emoção a toda a prova. "Tivemos alguns jogadores expulsos, houve uma confusão muito grande no final do jogo e conseguimos defender o resultado feito na Luz com muita força. A soma dos dois jogos mostrou que o Benfica tinha um grande grupo, não só de onze jogadores.", recordou, sobre uma partida em que a equipa de Jorge Jesus perdeu o pilar Enzo Pérez por expulsão aos 67" e terminou com nove porque Pogba partiu a cabeça a Garay, que não jogou os... nove minutos de compensação.
Artur Moraes sublinha que "aquela equipa tinha três ou quatro anos de trabalho junta e esta, que também tem jogadores de qualidade, está agora no início de construção de um conjunto". Por isso, acredita que o jogo de amanhã "será uma grande oportunidade para a equipa demonstrar que este momento de construção está no caminho certo", no seguimento de "uma grande transformação no Benfica, em termos estruturais". "Chegou um treinador que entendeu quais são as exigências do clube e dos adeptos e reforçou-se com grandes jogadores. E tem dado resposta aos desafios."
Para o antigo jogador, agora com 41 anos, "O Benfica tem tudo para fazer um grande jogo, épico como o último", refere, deixando alertas. "Jogar com a Juventus em Turim não é tarefa fácil e na Liga dos Campeões são sempre jogos com grandes equipas, grandes jogadores, campeões em campo. Vai ser um jogo difícil e espero que a equipa do Benfica supere a dificuldade e regresse com um bom resultado. Terá de ter uma concentração mental muito forte, uma organização tática exemplar e é preciso saber sofrer. A Juventus usa muito um futebol vertical, a atacar a profundidade e os jogadores são muito disciplinados", avisa, completando que "não é um bicho-papão mas a Juventus é sempre a Juventus".
"O outro Enzo carregava a equipa, o novo Enzo distribui o jogo"
Artur Moraes garante que não é pela baliza que o Benfica terá problemas em Turim, até porque Vlachodimos "já está há mais de quatro anos" como titular das águias, "todos o conhecem, umas vezes podia fazer melhor, outras faz mesmo, é um guarda-redes regular" e os encarnados "já ganharam com ele".
O antigo guardião, que jogou em Itália e, depois de um ano em Braga, passou quatro na Luz, entre 2011 e 2015, olha para os reforços desta época do Benfica e vê dois destaques.
"É notório que Enzo Fernández veio acrescentar e dar maior diversidade ao meio-campo. David Neres pela força do um para um tem estado num plano diferenciado. Ambos têm tido mais destaque", analisa sem esquecer, dos que já estavam no plantel, Morato, António Silva, Gonçalo Ramos, Rafa...
Na meia-final atrás recordada, Enzo Pérez era um dos pilares do Benfica no miolo. A comparação é possível? "Este Enzo é diferente. O outro era mais um transportador de bola, carregava a equipa, este distribui o jogo para todo o lado. Se este fizer o mesmo que o outro fez, o Benfica estará bem", compara.