"Benfica é o favorito claro a ser campeão. FC Porto? Mesmo com os pontos que já perdeu..."
ENTREVISTA (Parte 2) - Silas junta efeito Jesus a enorme investimento sobre um plantel que já tinha qualidade. FC Porto estará forte e Sporting beneficia... sem a Europa.
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Quem é o favorito a conquistar o campeonato?
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-O favorito claro é o Benfica. Pelo investimento que fez e pelo grande treinador que tem. Já tinha um bom plantel e reforçou-se de uma maneira que os outros não o fizeram. Também tem dado sinais que me levam a pensar isso. O FC Porto teve perdas importantes, como o Alex Telles, sobretudo ele; o Danilo também é importante, mas o Alex mais, porque tinha golo e assistência. Era um bom defesa e no ataque fazia a diferença. Qualquer equipa que perca um jogador desse nível faz toda a diferença, não há hipótese. Aconteceu-nos no ano passado quando perdemos o Bruno [Fernandes]. Veja a Juventus: quatro jogos sem o Ronaldo... Ressente-se dentro de campo. Mas mesmo com os pontos que já perdeu, que não estava à espera, eu acho que o FC Porto vai continuar a ser forte.
Alex Telles e Danilo saíram e, vinca o técnico, deixam um vazio difícil de preencher, tal como aconteceu no leão quando Bruno foi para o Manchester United. Ainda assim, não vai, vinca, haver voo fácil das águias
O Sporting tem vantagem por não estar na Europa?
-À partida não é uma vantagem, porque todos querem jogar na Europa, mas acaba por ser: o desgaste não é tão grande e dá semanas inteiras para preparar jogos. Podem pensar numa estratégia durante seis dias - e não um só. Se perguntarem aos dirigentes se querem estar na Europa, claro que querem, porque é onde todos se mostram, mas a nível de campeonato, é uma vantagem.
Sentiu isso?
-Sim, senti que me faltavam muitos dias para preparar a equipa a nível estratégico. É uma vantagem que o Sporting tem, não sabendo ainda se vai tirar partido disso. Ainda na semana passada o Sérgio Conceição falou disso, depois do Manchester City e antes do Gil Vicente. Mudou o sistema em Inglaterra e depois apresentou uma equipa diferente contra o Gil, porque lhe ia criar outras dificuldades. E criou.
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As baixas pela covid-19 podem decidir jogos?
-Até agora os clubes têm gerido essa parte muito bem, até porque não temos visto grandes casos, à exceção do Sporting, Gil Vicente e recentemente o caso do Cova da Piedade. Acho que se for um ou outro jogador é fácil de gerir, de se contornar. Se forem muitos, é mais difícil, mas também se resolve adiando, como acontece precisamente com o Sporting-Gil Vicente.
E os estádios sem público - ou com pouco - vão ser benéficos aos visitantes?
-Acho que pode ajudar, sim, sem dúvida. Sobretudo as equipas que nem sempre jogam para ganhar. Porque há equipas que não jogam sempre para ganhar, para as quais um ponto serve em vários estádios. Os que têm de jogar sempre para ganhar, como os chamados grandes, acho que pode ser prejudicial. Mas isso também depende dos momentos que as equipas passam. Quando a equipa está bem, os adeptos ajudam, quando não está, os adeptos não ajudam... O facto de não haver adeptos beneficia quem joga para não perder; quem joga para ganhar não é tão beneficiado com esse contexto.
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Os treinadores podem agora fazer-se ouvir...
-Sem dúvida. Já tive jogadores que do meu lado jogam de uma maneira e que quando passam para o outro, na segunda parte, jogam de forma completamente diferente. E nós gritamos, gritamos e às vezes não chega... Tem de passar, muitas vezes, por dois, três jogadores antes de lá chegar.
E quanto aos árbitros?
-Tal como acontece com alguns jogadores, há uns que cedem à pressão. Estão melhores, ou seja, não é por aí.
Concorda com a introdução das cinco substituições?
-Beneficia quem joga para não perder, porque é muito mais fácil jogar a defender do que a atacar. Se temos sempre a possibilidade de colocar cinco jogadores que estão frescos, quem defende consegue reforçar essa capacidade. Quem ataca também, mas é diferente. É mais difícil, pela forma como se aborda o jogo.