FC Porto obrigado a fazer história: o maior desafio do século nas mãos de Sérgio
Pior arranque do século e um dos mais negros da história dos portistas, que nunca foram campeões com 10 pontos à sexta jornada.
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Sérgio Conceição tem nas mãos o maior desafio do século. O FC Porto nunca virou a sexta jornada com apenas 10 pontos e, em matéria de atrasos pontuais, só em 2009/10 esteve aos mesmos cinco pontos da liderança (na altura o Braga) que, agora está.
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A diferença é que Benfica (joga segunda-feira no Bessa) e Sporting (recebe este domingo o Tondela) ainda não jogaram e a diferença pode aumentar para oito pontos... Jamais os portistas foram campeões nacionais quando terminaram a sexta jornada a cinco ou mais pontos do líder. É verdade que ainda na época passada o FC Porto recuperou de um atraso superior e bem mais perto do fim, mas por esta altura só estava com um ponto de atraso. E há mais razões para alarme...
Os dez pontos à sexta jornada são, de longe, o pior registo de Conceição pelo FC Porto. Na primeira época fez o pleno (18 pontos) e nas outras duas tinha 15
O JOGO viu a classificação de todos os 87 campeonatos ao fim de seis jornadas e a conclusão é simples e negra para o FC Porto: com Pinto da Costa a presidente, esta é a segunda pior prestação da equipa nas seis rondas iniciais. Só em 93/94 fez algo ainda mais negativo: duas vitórias, três empates e uma derrota que dariam nove pontos se a vitória valesse três pontos como agora e nove pontos de distância para o primeiro lugar (Sporting). Algo parecido com o cenário atual ao nível da diferença para o líder aconteceu em 2009/10 quando o FC Porto estava a cinco pontos de um surpreendente Braga [pleno de vitórias] - mas tinha 13 pontos somados (mais três do que agora). Nessa época, acabaria em terceiro lugar a oito pontos do Benfica. Recuando até 1934/35, quando se realizou a primeira edição do Campeonato Nacional, só por 11 vezes é que o FC Porto tinha uma pontuação menor do que atual (fazendo a conversão para os três pontos por vitória) e nunca conquistou o título nessas ocasiões.
Da mesma forma que também não festejou nos sete campeonatos em que tinha o mesmo registo de agora: três vitórias, um empate e duas derrotas. A maior diferença de sempre para o primeiro ao fim de seis rondas aconteceu em 1942/43: menos 11 [fazendo a conversão para três pontos por triunfo] do que o Benfica.
Média de golos sofridos disparou
Numa análise simples, há uma razão evidente para este descalabro de resultados: os golos sofridos que levaram a que, por exemplo, o FC Porto tenha "entrado" a perder em cinco dos oito jogos oficiais disputados, incluindo aqui os dois da Liga dos Campeões. Aliás, só conseguiu manter a baliza intacta em duas jornadas. A média neste momento na Liga é de 1,5 golos sofridos, o segundo pior registo de Sérgio Conceição enquanto treinador. Nem no Olhanense e na Académica, os clubes mais modestos que orientou, teve uma equipa tão permeável. Só na passagem pelo V. Guimarães terminou com 1,62 de golos encaixados no campeonato, mas pegou numa equipa que não era dele. No FC Porto, por exemplo, a média global com Conceição é de 0,63, mas se olharmos apenas para os três anos anteriores esse valor baixa para 0,58. Para se perceber melhor a dimensão do que significa sofrer nove ou mais golos nos seis jogos inaugurais de um campeonato basta dizer que esta é apenas a 15.ª vez que isso acontece.
Constantes mexidas na defesa
Sérgio Conceição sempre disse que a responsabilidade defensiva é de toda a equipa e não apenas do sector mais recuado. Contudo, fazendo uma análise aos elementos que tem utilizado neste arranque, percebe-se que as constantes mudanças - quase sempre forçadas, é justo dizer - não têm ajudado a estabilizar a equipa. Ainda para mais agora a jogar de três em três dias e sem tempo para treinar. Olhando apenas para os jogos do campeonato, pelo menos em algum momento do jogo já foram utilizados dois guarda-redes (Marchesín e Diogo Costa), três laterais-direitos (Manafá, Nanu e Corona), três centrais (Pepe, Mbemba e Diogo Leite) e... quatro laterais-esquerdos (Alex Telles, Zaidu, Sarr e Manafá). Ao todo, o treinador portista já utilizou 28 jogadores esta época, incluindo a Champions, e 20 deles na condição de titular. Só não jogaram Carraça e os guarda-redes Cláudio Ramos e Meixedo, além dos lesionados de longa duração Marcano e Mbaye.