As confissões de um treinador-sensação: "Precisava de alavancar a carreira e ser feliz"
Vasco Seabra comanda a sensação do campeonato depois de na época passada ter orientado os sub-23 do Estoril
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Se dos três primeiros classificados da II Liga fazem parte dois clubes que desceram de divisão na temporada anterior (Nacional e Feirense) e outro (Farense) que assumiu declaradamente a subida, o quarto posto é do Mafra, que na época anterior conseguiu uma permanência sofrida, na última jornada da prova, mas que em 2019/20 ganhou o epíteto de equipa-sensação.
Vasco Seabra é o treinador deste conjunto e também encontrou no Oeste uma rampa para, como o próprio assumiu, relançar a carreira. "Esta é uma confirmação sobre tudo aquilo que pensamos a nível coletivo. A época tem superado as expectativas. Precisava de alavancar outra vez a carreira e necessitava de ser feliz", declarou.
Vasco Seabra estreou-se como treinador principal, nos campeonatos profissionais, ao leme do Paços de Ferreira (2016/17) e depois passou pelo Famalicão (2017/18), mas na época anterior deixou o futebol sénior e assumiu o comando dos sub-23 do Estoril. "Foi uma decisão difícil, mas demonstrei o que eram as nossas ideias e propostas de jogo", explicou. O "nós" que Vasco Seabra tanto utiliza é uma simbiose "indissociável" entre o treinador e a equipa técnica. "A confiança na minha equipa técnica é absoluta. São muito competentes", elogiou.
O Mafra contratou vários jogadores vindos do Campeonato de Portugal que, para Vasco Seabra, "podem dar o salto". "Fizemos o recrutamento de todos os jogadores que se identificassem na nossa forma de jogar. Vários deles mostraram que têm capacidade para jogar em níveis superiores. Já fomos apelidados de melhor equipa da II Liga e isso tem muito a ver com os jogadores", valorizou.
Os campeonatos estão parados e incerteza gerada pela covid-19 é grande. No entanto, o treinador confia no regresso do futebol.
"O mais importante é a saúde. Contudo, assim que o nível de contágio baixar e quando for possível controlá-lo, acredito que os campeonatos voltem. Toda a gente quer jogar até ao fim", respondeu o treinador, nascido há 36 anos em Paços de Ferreira.
Reduzir salários na II Liga é uma hipótese pouco viável, na opinião de Vasco Seabra. "É muito difícil que isso aconteça na II Liga. Por exemplo, o Mafra é um clube que paga a tempo e horas, mas os vencimentos já são pequenos. Os clubes da II Liga têm poucos recursos e a maioria deles tem baixos salários", observou. O técnico reconheceu, porém, que jogadores e treinadores são "sensíveis" aos transtornos criados pelo coronavírus.