Braga e FC Porto com jogo decisivo na luta pelo título já este sábado. Conceição e Abel têm vias diferentes para marcar. O portista apurou o sentido goleador da equipa, o segundo concentra tudo lá na frente.
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O FC Porto chega a Braga a condição de favorito a vencer, o que significa, de imediato, que também é favorito a marcar mais golos do que o adversário. O Braga não marcará mais do que um golo, garantem as casas de apostas. O FC Porto tem o dobro de hipóteses de o conseguir. O que é bem mais difícil de acertar é o nome do(s) marcador(es). Pelos dragões já marcaram 22 jogadores nesta temporada. O Braga fica-se pelos 13 e concentra o seu pecúlio de forma muito obsessiva nos avançados.
FC Porto é a equipa que mais remates certeiros reparte entre as 18 da I Liga. Pelos bracarenses quase só marcam os avançados. Dyego Sousa é quem mais se destaca.
Dyego Sousa é o melhor marcador entre as duas equipas que no sábado se defrontam pela primeira vez no espaço de quatro dias. Mas também Wilson Eduardo, Paulinho e Ricardo Horta marcam bastante. Há ainda os quatro golos do improvável Pablo Santos e mais três de João Novais.
De resto, ninguém marcou mais do que uma ou duas vezes. E metade do plantel ainda nem se estreou. Das equipas da liga portuguesa (todas as provas incluídas), só sete repartem os golos por menos jogadores. Mas todas têm menos golos para repartir e menos jogos disputados.
Do lado do FC Porto, a democracia é praticamente total. Dos jogadores que integram o plantel desde o início da época, só João Pedro, Bruno Costa e Mbemba ainda não marcaram. Os dois primeiros foram utilizados um par de vezes e o terceiro pouco mais do que isso. Todos os outros jogadores faturaram, até Óliver, que não o fazia há dois anos, ou Danilo, que vinha de quatro tentos anulados. Não há, em Portugal, equipa mais democrática. E, também por isso, é mais difícil acertar quem pode ou não resolver o jogo.
As casas de apostadores escolhem Marega como goleador mais provável. Mas Soares vem praticamente colado. Nos 10 principais candidatos a marcar um golo entram oito portistas e apenas dois bracarenses, num desnível que se explica muito pelos dados que atrás apresentamos e não traduzem, de forma nenhuma, a diferença entre o favoritismo de uma e outra equipa.
A explicação para a democracia portista vem do mês de agosto, o primeiro em que Sérgio Conceição se viu obrigado a jogar sem um dos seus principais matadores: Marega. Seguiu-se a ausência de Soares e, depois, a longa lesão de Aboubakar. A necessidade aguçou o engenho e puxou por nomes que, na última época, ficaram aquém das expectativas. Otávio e Corona são os mais evidentes. Houve, recentemente até, uma fase em que Brahimi também parou e o treinador portista foi obrigado a jogar sem as principais referências de ataque em simultâneo. Raramente houve défice de golos e os dragões conseguiram resolver seis jogos em 2018/19 sem recurso a nenhum extremo ou ponta de lança.
Os arsenalistas, pelo contrário, só em duas ocasiões ganharam/empataram sem o contributo de um dos homens da frente: aconteceu em Chaves, para o campeonato (Pablo Santos marcou no 1-0) e em Guimarães (empate 1-1 com golo de Claudemir). Se o FC Porto cresceu na democracia pela necessidade de marcar de outras formas, o Braga ficou refém da veia goleadora dos atacantes especialmente com o apagão dos defesas.
Nos 10 favoritos a marcar definidos pelas casas de apostas, há oito portistas e só dois bracarenses. Está explicada a diferença na democracia do golo entre as equipas.
Raúl Silva fez nove golos em 2017/18 e Bruno Viana marcou cinco. Agora o primeiro fez um golo e o segundo nem se estreou. O caso de Fransérgio também é sintomático: quatro golos em 2017/18 contra zero em 2018/19. Aliás, dos 65 golos marcados pelos arsenalistas esta temporada, 80% saíram dos pés ou da cabeça de um avançado. Dos 103 dos dragões, "apenas" 67% foram de Marega e companhia.