Qual a exigência do percurso das quatro equipas do topo da tabela até final da Liga? A fórmula das casas de apostas traduz as hipóteses de sucesso. O JOGO fez as contas e há uma ligeira vantagem de um dos candidatos.
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Seis anos depois do dramático golo de Kelvin no minuto que ficou eternizado como 90+2, o campeonato português pode voltar a ser decidido por somente um ponto. Só que desta vez com a ordem de vencedores e vencidos invertida, isto é, o Benfica a recuperar o cetro depois de ter dito "xau" ao penta na última época e o FC Porto a voltar ao segundo degrau de um pódio que ficará completo pelo Braga, que regressaria assim a um lugar onde esteve pela última vez em 2011/12, era Leonardo Jardim o homem do leme.
O quarto lugar final do Sporting significará que as últimas oito jornadas da I Liga não alterarão o ordenamento atual da classificação, conforme nos diz o cálculo de probabilidades a que recorremos, o mesmo que é utilizado pelas casas de apostas para estabelecer o favoritismo em cada partida.
Benfica campeão, FC Porto segundo e Braga de volta a um lugar onde não está desde 2012. Ou seja, tudo pode acabar como agora, embora seja quase científico que futebol não é estatística nem matemática.
E foi precisamente a partir das oito jornadas que falta disputar que calculámos as hipóteses de vitória, empate e derrota dos quatro primeiros classificados em cada encontro, bem como os pontos que é expectável virem a amealhar em cada um deles. Daí, e utilizando o jargão do futebol, foi sempre a somar até obtermos uma tabela final apoiada neste modelo matemático: Benfica, 83 pontos; FC Porto, 82; Braga, 72; Sporting, 70.
Claro que é sempre possível argumentar que o futebol não é matemática e tem aquela dose de imprevisibilidade que (ainda) o torna apaixonante. Mas dentro daquilo que pode ser calculado, e olhando detalhadamente ao calendário deste quarteto de topo e respetivo grau de dificuldade, em função do que cada equipa tem feito na presente Liga e em anos precedentes, é o Benfica que tem o percurso com menos pedregulhos até final.
Só num jogo as águias não são claras favoritas, a deslocação a Braga, à 31.ª ronda - em todas as outras partidas, as hipóteses de saírem vencedoras superam os 72% da deslocação ao estádio do Rio Ave, na penúltima ronda. O Benfica é quem defronta mais equipas pior classificadas (incluindo três das últimas quatro), até nisso um oposto do FC Porto, a quem cabe o caminho teoricamente mais complicado até à linha de meta - vai a Braga depois de amanhã, escalando já a mais complicada das montanhas que lhe faltam. O Sporting, na última jornada, será a outra cujo relevo se destaca.
As lutas pela Europa e pela permanência, eventuais lesões e/ou castigos em jogadores importantes, a bola fora e a bola que entra... não faltam variáveis que podem alterar este equilíbrio instável que constitui qualquer exercício de previsão num ambiente tão volátil como o futebol. Mas dá para perceber que receber FC Porto e Benfica e ter de ir a casa de Moreirense, Marítimo e Boavista não ajuda a facilitar a missão do Braga, como se constata pelas hipótese de vitória inferiores a 60% em todos estes jogos. Como não será fácil ao Sporting chegar ao terceiro lugar tendo de ir a Chaves, Aves, ao Nacional, Belenenses e... FC Porto. Os números estão todos no quadro acima. A sua confirmação (ou não!) segue dentro de momentos...
O Benfica é quem defronta mais equipas pior classificadas (incluindo três das últimas quatro).
Braga surge como adversário mais perigoso
Separados por quatro jornadas, os confrontos de FC Porto (este sábado) e Benfica (à 31.ª ronda) com o Braga apresentam-se como os de maior dificuldade teórica para os dois colíderes do campeonato. É nesta partida que tanto águias como dragões recolhem a menor quota de chances de vitória (50%) e em que a média de pontos esperados é também a mais baixa: 1,78.
Percursos por ordem de exigência
Menos pontos esperados, maior o grau de dificuldade desse jogo - é este o princípio da tabela acima, onde estão descritas as probabilidades de as quatro equipas ganharem, empatarem ou perderem os oito jogos que lhes falta fazer até ao fim do campeonato. A fórmula é a mesma que é utilizada pelas casas de apostas e pondera diversos fatores, como o desempenho desportivo da época atual, mas também o histórico de confrontos entre as equipas em causa ou quem joga em casa e fora, entre outras variáveis.
Artilharia pode pesar na decisão
Nesta busca pelos cenários da corrida ao título, a diferença de golos pode continuar a desequilibrar os pratos da balança - como já faz, de resto, em relação ao desempate entre Benfica e FC Porto, tanto no confronto direto como na diferença total de golos. Os azuis e brancos até são a equipa da I Liga que mais remates faz a cada 90 minutos (14,56, segundo dados do Wyscout), mas a menor eficácia em relação ao Benfica (ver infografia abaixo), que a cada dois jogos dispara em média menos uma vez, explica os 19 golos a mais dos lisboetas.
E a verdade é que nesta reta final há diferenças substanciais... nos adversários. Olhando às médias deste campeonato, os oito que o Benfica vai defrontar podem permitir um total de 97 remates nestas oito jornadas, mais três do que aqueles que os dragões terão pela frente. Braga e Sporting podem ter expectativas de conseguir fazer 91 e 93 remates respetivamente, que até podem traduzir no mesmo número de golos, dada a eficácia semelhante.
Na reta final rumo à definição do campeão, todos os argumentos contam. O poder de fogo é favorável aos portistas, mas a eficácia joga a favor das águias, que terão adversários mais "permeáveis".
Num campeonato onde dez equipas melhoram a projeção feita pela Wyscout quanto ao número de remates, o Benfica é quem mais exagera (quase 20 a mais), mas também é uma das seis que sofrem mais do que o esperado. Ao contrário dos dragões, mais sólidos defensivamente.