Evitada a "catástrofe" de ficar duas épocas seguidas na II Liga, o presidente da caravela acredita que o clube irá voltar a navegar com tranquilidade. Aposta em Luís Freire foi decisiva para o sucesso
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Depois de 12 anos na I Liga, o Rio Ave desceu de divisão e teve de arrepiar caminho, conseguindo, entretanto, subir novamente e assegurar a permanência muito antes de terminar o campeonato. O presidente António da Silva Campos explica a O JOGO os segredos, assumindo que os dois últimos anos foram de grande desgaste pessoal e de risco para o clube, que sacrificou a parte financeira para ter uma equipa à altura do desafio de voltar à I Liga. Agora, avisa, será preciso vender jogadores.
Vila-condenses fizeram apenas uma época de travessia no deserto na II Liga e rapidamente recuperaram o estututo no escalão principal. O clube celebra esta quarta-feira o seu 84.º aniversário
Que balanço faz e por quem divide os méritos?
-Os últimos dois anos foram um enorme desafio. Por força de alguns problemas de saúde que se têm agravado, não foi nada fácil para mim conseguir gerir todas as adversidades destas duas épocas. O Rio Ave era um clube firme na I Liga e seria impensável descer. Não passava na cabeça de ninguém que o clube descesse de divisão, porque, nos seis anos anteriores, fomos quatro vezes à Liga Europa e ficámos duas vezes em sétimo lugar. Fizemos um grande investimento para dignificar o futebol português na Liga Europa e representar o Rio Ave a um nível muito alto. Não foi por acaso que eliminámos o campeão da Bósnia (Borac), eliminámos o Besiktas e depois fizemos o célebre jogo com o Milan, em que apenas perdemos nas grandes penalidades. Tudo apontava para que fizéssemos uma época tranquila no campeonato, mas, inexplicavelmente, descemos, e ainda hoje não consigo explicar a mim próprio por que razão descemos. Aconteceram muitas situações, e eu posso ter uma parte da culpa, porque acreditei sempre no grupo de trabalho. As coisas não correram bem. Depois de 13 anos com tanto sucesso no Rio Ave, foi a maior tristeza da minha vida e um choque grande para mim, para a Direção e para os sócios. A nível nacional, fui muito confortado pelas entidades máximas, pois as pessoas diziam-me que o Rio Ave era um clube de I Liga e que iria subir.
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Foi complicado reerguer o clube?
-A realidade é muito diferente na II Liga. Tivemos de reajustar o plantel e encontrar um treinador identificado com a pressão de subida. Ainda bem que a aposta foi no Luís Freire. Conseguimos o nosso objetivo e fomos campeões da II Liga. Esta época, queríamos consolidar o clube na I Liga, porque quando se desce as dificuldades são enormes, com uma queda muito significativa de receitas. Mantivemos os funcionários, tentámos segurar o plantel o máximo possível, para ficarmos com uma equipa muito forte, e fizemos um esforço para não vendermos jogadores. Apostámos muito na parte desportiva e abdicámos um pouco da financeira. Se o clube não subisse, podia ser uma catástrofe, porque as responsabilidades são muito grandes. O clube cresceu muito na sua estrutura e é claramente de I Liga. Com muito trabalho, fizemos uma época tranquila.
É possível dizer-se que esta temporada ficou acima das expectativas?
-Não. O nosso objetivo era andar entre os oito ou dez primeiros, não caindo no fundo da tabela, que é muito perigoso. Conseguimos fazer um campeonato tranquilo, e a faltar muitas jornadas já tínhamos a nossa estabilidade para conseguir a permanência. Neste momento, queremos mais. Não andamos a passear, e no último jogo com o Marítimo (2-2) estivemos bem. Temos praticado um bom futebol, estamos a jogar descontraídos e a valorizar os nossos ativos, algo que é muito importante, porque fizemos uma aposta muito grande na formação e os resultados estão à vista.
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