João Braz Frade defende que saída do co-CEO da SAD depende de decisão do próprio
Corpo do artigo
A presunção de inocência é um princípio do qual João Braz Frade não abdica e o desejo de não ver nenhum benfiquista condenado em processos relacionados com o clube é outro desejo que espera ver mantido no futuro. Porém, quando confrontado com a recente acusação do processo "saco azul", o antigo vice-presidente do Benfica não tem dúvidas e formula a expectativa de que Domingos Soares de Oliveira, co-CEO da SAD, acusado de crimes de fraude fiscal e falsificação de documentos, decida o que fazer a partir de agora sempre a pensar na melhor forma de proteger o clube e o afastamento do administrador não está afastado da equação.
"Uma vez que agora veio a acusação, o que me parece importante é que as pessoas acusadas, para protegerem o Benfica, clube e SAD, deveriam ser elas a tomar uma iniciativa, de se demitirem. No caso de Domingos Soares de Oliveira, tendo sido designado em Assembleia-Geral, pode pedir ao seu presidente a suspensão do mandato", analisa a O JOGO o dirigente que exerceu funções no clube entre 2006 e 2009.
15924561
"Isto deve partir da iniciativa do próprio, deve ser Domingos Soares de Oliveira, em consciência, a pensar qual é a melhor maneira de proteger o Benfica. Acrescento que ele é sócio do Benfica e os sócios do Benfica têm o dever de proteger o clube em todas as situações. E proteger o Benfica nesta situação, na minha modesta opinião, passaria por uma decisão dele próprio de suspensão ou renúncia. Devia acordar com o clube o que fazer e suspender a sua actividade", acrescenta Braz Frade, uma das caras do movimento "Benfica Bem Maior" que esteve perto de avançar com uma candidatura à presidência do Benfica nas últimas eleições, mas que acabou por dar o seu apoio a Rui Costa, entretanto eleito presidente.
Voltando ao processo, o gestor e professor universitário acrescenta que "agora deixa de fazer sentido que os advogados que defendem a SAD e Domingos Soares de Oliveira sejam os mesmos". "Isso é claro para toda a gente. A haver conflito de interesses, como é que os advogados podem estar dos dois lados?", questiona, deixando bem explícito que, neste processo, "o Benfica clube - a SAD está acusada pelo que não o poderá fazer -, na sua qualidade de acionista, deve constituir-se como assistente".
15921874
Olhando para a génese do processo, em que além de Soares de Oliveira, também estão, entre outros, acusados o ex-presidente das águias Luís Filipe Vieira e o ex-diretor financeiro Miguel Moreira, bem como a SAD e a Benfica Estádio, Braz Frade não tem dúvidas de que faltou informação pública.
"Este processo merecia que a Benfica, SAD, ou as pessoas que lá estavam na altura, tivessem dado uma explicação sobre alguns factos como a opção por uma empresa pequena e mais ou menos desconhecida para fazer este serviço e não escolhe uma das mais prestigiadas no mercado. Provavelmente, terá uma explicação simples, como o preço. Estes factos deveriam ter sido explicados na altura e não foram", disse, referindo-se à contratação da empresa de informática Questão Flexível, que terá recebido mais de 1,5 milhões de euros por serviços que o Ministério Público diz que não foram prestados.