Varandas viu contas aprovadas, mas voltou a ser contestado na AG da SAD do Sporting
Líder recusou-se a responder a várias perguntas dos acionistas e contra-atacou deixando claro que, na sua opinião, "há muita gente que não quer união" no clube. Remunerações foram votadas de madrugada
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A assembleia geral (AG) da SAD foi mais um capítulo daquele que podia ser um livro sobre a contestação a Frederico Varandas, tendo ontem, terça-feira os acionistas da sociedade apontado o dedo a vários aspetos considerados negativos na gestão em curso.
Ainda assim, o relatório e contas referente ao exercício findo a 30 de junho de 2019, de que constava um prejuízo de 7,8 milhões de euros (M€), foi aprovado por 99,6% dos presentes, sendo que inicialmente estavam inscritos 50 acionistas para participar na AG, mas apenas 37 marcaram presença, entre eles representantes de José Maria Ricciardi, Holdimo, João Paiva dos Santos, antigos dirigentes, como Carlos Vieira e Rui Caeiro, ou elementos que desempenharam cargos na sociedade, como Pedro Baltazar, Paulo Salsa ou Manuel Reis.
Frederico Varandas não quis responder a muitas das questões colocadas, tendo contra-atacado com a acusação de que "há muitas pessoas que não querem união" dentro do clube.
99,6% dos presentes aprovaram as contas do exercício, que prevê um resultado negativo de 7,8 milhões de euros
De acordo com informações recolhidas pelo nosso jornal, durante a reunião magna que se prolongou para lá do fecho da edição, pela madrugada dentro, os acionistas começaram por contestar o facto de a reestruturação financeira ainda não estar concluída, bem como de o empréstimo obrigacionista ter ficado aquém dos desejados 30 M€.
Nas intervenções iniciais, elementos da administração da SAD no tempo da Comissão de Gestão puxaram a si créditos pelo "melhor ato de gestão" alcançado então: o regresso de Bruno Fernandes após a rescisão unilateral do contrato. O presidente Frederico Varandas, Francisco Salgado Zenha, administrador financeiro, e João Sampaio, vice-presidente do clube e administrador da sociedade, foram respondendo às questões dos presentes, entre as quais o motivo do aumento dos custos de financiamento em 3 M€, que a SAD recusou detalhar para não prejudicar as relações com os financiadores.
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Ficou igualmente a saber-se, ao contrário dos detalhes sobre a negociação em torno do processo de reestruturação, que a sociedade pagou 650 mil euros de comissões pela antecipação de 65 M€ do contrato dos direitos televisivos com a NOS.
O futebol também foi discutido, tendo Frederico Varandas sido confrontado com uma questão: "Porque é que a administração da SAD fala de um passado financeiro difícil e investiu mais de 30 M€ em jogadores?"
Esta pergunta, de acordo com as informações recolhidas por O JOGO, ficou por responder diretamente, mas soube-se que Tiago Ilori teve propostas para sair e que as mesmas não foram aceites. Também os célebres protocolos com Wolverhampton e Batuque foram objeto de discussão.
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O voto de confiança à administração da sociedade também acabou por ser aprovado, até porque o clube tem a maioria do capital social da SAD. Na reunião foi também aprovada a política de remuneração dos titulares dos órgãos sociais da Sociedade, tendo a proposta contado com "427.615 votos a favor, 202.521 votos contra e zero abstenções", sendo que Francisco Salgado Zenha, vice-presidente do clube, já havia revelado que os mesmos seriam aprovados, só que os elementos em causa iriam abdicar desse aumento no presente exercício.