Playing for Keeps: Michael Jordan and the World He Made, de David Halberstam.
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Antes do documentário "The Last Dance" [A Última Dança] que a Netflix disponibilizou recentemente, os melhores trabalhos sobre o basquetebolista Michael Jordan eram dois livros muito contraditórios.
Um deles é "The Jordan Rules" [As Regras de Jordan], do jornalista Sam Smith, que acompanhou os Chicago Bulls durante toda a década de 1990.
Smith reapareceu, a semana passada, para acusar Jordan de ter mentido nalgumas sequências do documentário, que também considera só vagamente baseado na realidade, apesar de estar muito mais próximo da narrativa do livro dele do que da outra biografia de referência.
O título desta última, na tradução livre para português, é "Jogar para Ganhar: Michael Jordan e o Mundo que ele construiu". Em ambos os livros, Jordan é descrito como um atleta obsessivo. A diferença está nos adjetivos complementares, muito menos simpáticos por parte de Smith. O Jordan de David Halberstam - prémio Pulitzzer e ícone da escrita sobre basquetebol nos Estados Unidos - aproxima-se da imagem pública de um Cristiano Ronaldo, talvez um pouco mais teimoso e bastante mais reverenciado pelo autor. Publicado antes do segundo abandono de Jordan (deixou o basquetebol três vezes), o livro é um retrato detalhado dos Bulls, da sociedade americana e do desporto das décadas de 1980/90, ainda estupefacto com o impacto mundial de um jogador que foi figura nos pavilhões mas que se destacou dos restantes craques pela dimensão mediática nunca antes vista.
Aos olhos de um jornalista, a riqueza de informação e a bagagem de Halberstam valem a diferença para o estilo mais tabloidesco de Sam Smith, embora o ideal, para a radiografia plena de Michael Jordan, seja ler os dois, o lado iluminado e o lado mais obscuro de um fenómeno incontornável. Como quase sempre, nenhum dos livros tem tradução portuguesa, mas podem ser comprados na Amazon, em versão digital, por cerca de nove euros (juntos).