"Os Águias" foram o ninho que Marco Chagas não esquece

A história do desporto anda de bicicleta em Alpiarça e é escrita pelo Clube Desportivo "Os Águias", o mais representativo daquele concelho do distrito de Santarém, que o país conheceu pelas vitórias nos primórdios do ciclismo português.

citacao A história reconhece-o como clube de craques

Por lá passaram, e brilharam, alguns dos grandes atletas da modalidade, como Marco Chagas, que durante dois anos vestiu a camisola do clube quase centenário da vila ribatejana. O corredor natural do Cartaxo, que mais tarde representaria FC Porto e Sporting, formou com Alexandre Ruas, Joaquim Carvalho e outros a célebre equipa do Águias/Clock que venceu coletivamente a Volta a Portugal de 1977. Nessa edição, o jovem Chagas ainda foi quinto da geral individual e o mais bem classificado do conjunto alpiarcense.

"Era um belíssimo grupo aquele de que fiz parte, ainda que nessa altura tenha atravessado um período que, para mim e para alguns dos meus colegas, não foi o melhor, porque coincidiu com o serviço militar, o que tornou difícil de conciliar e de se ter resultados", explica o português mais titulado na prova rainha do ciclismo - venceu quatro vezes a Volta a Portugal -, hoje comentador desportivo.

Fundado a 1 de outubro de 1922, "Os Águias" foi desde sempre um dos grandes impulsionadores da modalidade e um dos participantes da primeira edição da Volta, com Manuel Simões Júnior, à época um dos melhores ciclistas do Ribatejo. Foi, no entanto, entre as décadas de 1950 e 1970 que o clube conheceu o seu período dourado, contando nos plantéis com atletas que conquistaram os Campeonatos Nacionais de estrada, de pista e contrarrelógio, e se sagraram vencedores das voltas ao Algarve e a São Paulo.

Mais tarde, depois do fim do Águias/Clock, aparece a Notai/Águias, pela qual chegaram a correr Orlando Rodrigues e José Azevedo, dois nomes incontornáveis dos anos 1990 do ciclismo. Mais tarde apareceria a LA-Pecol/Águias de Alpiarça, que posteriormente viria a dar origem à Liberty Seguros, uma das mais importantes equipas do pelotão português e que viria a desaparecer em 2009 na sequência de um triplo caso de doping.

A caminho do centenário, o clube, liderado por Luísa Gargalo, com quase 1500 sócios, não tem a pujança de outros tempos, mas continua a desempenhar um papel fundamental no desporto em Alpiarça, mantendo o seu ecletismo: para além do ciclismo e do futebol, também se dedica à ginástica, ao karaté, ao triatlo e natação entre outras modalidades.