<strong>O JOGO - 35 ANOS || 1992 || A VÉNIA DE VÍTOR HUGO - </strong>A estrela de uma grande Seleção de hóquei em patins, que se sagrou campeã europeia em 1992, recorda o seu mentor na carreira desportiva e médica
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Considerado um dos pais da medicina dentária em Portugal, fundou a Escola Superior de Medicina Dentária do Porto, a que dedicou toda uma vida. Foi ele quem tratou, durante muitos anos, da boca dos atletas do FC Porto, nos tempos de Afonso Pinto Magalhães e de Américo de Sá.
Vítor Hugo, lenda do hóquei em patins, homenageia o portista que trabalhava de borla para o clube
Foi o "mentor" de Vítor Hugo na medicina dentária e no desporto: "Foi meu professor e chegou a ser também meu colega. Foi sempre o meu guia e um portista fantástico, que orientou a minha vida profissional e desportiva."
Portuense nascido a 15 de março de 1938, herdou o portismo do pai, padrinho da filha mais velha de Pinto de Magalhães. E foi por coração que após se licenciar, em 1965, se tornou médico do FC Porto. "Era um indefetível portista", conta o filho, também Fernando, dentista, portista e também fã de automobilismo. "Gostava muito do clube. Durante o dia trabalhava e à noite ia para o gabinete médico das Antas tratar os atletas de borla. Na altura era assim, trabalhava-se "pro bono". Outros tempos..."
Tempos diferentes, de verdadeiro amor ao clube. E também de um tempo triste: aquela tarde de 16 de dezembro de 1973, no Estádio das Antas, no jogo com o Vitória de Setúbal, em que Pavão caiu inanimado no chão. "Morreu nas mãos do meu pai, foi ele o primeiro a lá chegar e a ver que já estava morto", recorda o piloto de automóveis, tricampeão nacional de ralis.
Nesse ano, Vítor Hugo jogava hóquei na Académica de Espinho. Conhece Fernando Peres a tratar-lhe dos dentes. "Vai ser um grande jogador, um campeão", dizia o pai de Vítor Hugo: "E o meu pai olhava para ele, pequenino, com os dentes todos para fora" e brincava: "Como é ele vai ser algum dia jogador?" Mas como grande portista que era, incentivou-o sempre a jogar no FC Porto", recorda o filho.
Fernando Peres faleceu aos 73 anos, a 31 de agosto de 2011
Vítor Hugo chegou mesmo às Antas para construir uma carreira que recheou de golos e de títulos, interrompida por uma passagem pelo estrangeiro quando era universitário. Fernando Peres voltou a entrar em cena: "O pai dele queria muito que ele se formasse e pediu ao meu para interceder, para que não o deixasse sair de Portugal".
Bateu ao lado. Aqui ficam as palavras certeiras do estomatologista: "Ó Vítor, vai-te embora, vai ganhar o teu dinheiro porque quando voltares continua a haver curso." E ele lá foi jogar uma época de sucesso no Novara, em Itália. Regressou a Portugal e ao FC Porto para continuar a brilhar, terminar o curso e fazer a primeira pós-graduação em Implantologia da Faculdade de Medicina Dentária coordenada por... Fernando Peres, que viria a falecer aos 73 anos, a 31 de agosto de 2011.