A dois meses e meio de celebrar o seu 20º aniversário, a jogadora já é uma das principais referências do futebol feminino português e, neste início de época, assumiu a batuta do protagonismo em três jogos absolutamente decisivos.
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Quem acompanha Francisca Ramos Ribeiro Nazareth Sousa no Instagram, sabe que a futebolista tem a particularidade de escrever as descrições das suas publicações sempre em letras minúsculas. No entanto, dentro das quatro linhas, quando a bola começa a rolar, a menina de 170 centímetros agiganta-se e chama a si ovações bem maiúsculas.
Nascida em Lisboa a 17 de novembro de 2002, Kika (como é tratada no universo futebolístico) nunca escondeu a sua paixão pelo Sport Lisboa e Benfica. A 28 de abril de 2019, com apenas 16 anos, fez a estreia pela equipa principal. A envergar o dorsal 79, foi lançada aos 56 minutos pelo treinador João Marques e, aos 87", fechou o marcador na goleada encarnada por 8-0 ao Amora. O primeiro passo para um futuro risonho estava dado e, desde aí, a médio ofensivo tem sorrido e tem dado inúmeros motivos para sorrir a todos aqueles que se deleitam com a mais bela essência do desporto-rei.
Com uma panóplia de recursos técnicos que não parece ter fim, a jogadora totaliza 33 golos e 12 assistências em 63 partidas pela formação das "águias" (além dos incontáveis momentos de pura magia, que abrilhantam - e de que maneira! - aqueles vídeos de "skills" nos YouTube"s e TikTok"s desta vida). Ao serviço da Seleção Nacional, marcou por três ocasiões nas 19 internacionalizações que contabiliza.
A temporada de 2022/23 ainda se encontra na sua fase de prelúdio, mas a criativa atleta já teve um papel preponderante em três encontros totalmente cruciais: na final da ronda 1 da Liga dos Campeões, anotou o segundo tento da turma benfiquista diante das neerlandesas do Twente (vitória por 1-2); na final da Supertaça, entrou aos 64 minutos com o Benfica a perder por 0-1 frente ao Sporting, restabeleceu a igualdade aos 75" e, no prolongamento, deu espetáculo, assistindo, com um requintado toque de calcanhar, a avançado brasileira Nycole Raysla para o derradeiro golo do dérbi eterno (triunfo por 4-1); por último, com a camisola de Portugal, apontou o tento da reviravolta lusa na Sérvia (vitória por 1-2), golo esse que manteve vivo o sonho português de, pela primeira vez, marcar presença na fase final de um Campeonato do Mundo de futebol feminino.
No rescaldo do duelo perante a congénere sérvia, Cisca (denominação utilizada pelos seus familiares) afirmou que "isto é Portugal, é muito bom, muito giro, muito especial". Pois bem, subscrevendo as sábias e apaixonadas palavras da jovem craque, esta é a altura perfeita para recorrer às mesmas, fazer uns merecidos ajustes e encerrar, da melhor forma, o capítulo "fenomenal" de uma história que é banhada a "talento".
Esta é Kika Nazareth, é muito boa, muito gira, muito especial.
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