Mariana Dantas, jogadora do Flamengo, é a mentora da campanha "jogajunto", que teve a adesão de diversas atletas no Brasil; o objetivo é angariar fundos no combate à covid-19.
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A propagação da covid-19 por todo o mundo teve o condão de agregar muitos sectores da sociedade. Sucedem-se iniciativas de solidariedade por todo o mundo, principalmente no apoio a hospitais, carenciados de material para médicos, enfermeiros, auxiliares e tratamento de doentes infetados. Em Portugal, as doações de clubes têm-se multiplicado, e do outro lado do Atlântico nasceu também um projeto que uniu várias equipas de futebol, futsal e futebol de sete feminino.
Apelidado de "jogajunto", a iniciativa teve o dedo de Mariana Dantas, lateral-esquerda do Flamengo, que explicou a O JOGO todo o processo. "Isto surgiu no Twitter, rede social que uso bastante. Via muitos famosos que doavam quantias altas para combate ao coronavírus, jogadores e artistas que prometiam sorteios de camisolas e prémios, caso determinado participante fosse eliminado num "reality show". Eu não ganho um salário milionário e, sozinha, não posso fazer a diferença, mas tenho camisolas para sortear. Então tive a ideia de fazermos sorteios de camisolas e fiz um tweet. Várias atletas comentaram e disseram que também participariam", conta Dantas. Foram reunidas 80 camisolas de vários clubes e até do Equador, cuja selecionadora é Emily Lima, antiga internacional portuguesa. Mediante uma doação, participa-se no sorteio e em duas semanas, foram amealhados cerca de 3100 euros.
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As internacionais Andressa Alves, Bia Zaneratto, Tayla (ex-Benfica) ou Letícia Izidoro são alguns dos nomes que se juntaram à onda de solidariedade e Dantas prefere não estabelecer uma meta para a doação de fundos ao sistema de saúde brasileiro. "Nunca fizemos isto. Somos atletas e acho que o efeito novidade fez elevar o número de contribuições iniciais. Não sei quanto vamos arrecadar, mas prevê-se que o pico da pandemia no Brasil aconteça em maio e não podemos demorar muito tempo a doar o dinheiro", refere. Também neste âmbito, como demos conta, a sportinguista Carolina Mendes lançou um projeto idêntico esta semana e, em Espanha, uma das nações com maior números de óbitos por covid-19, as futebolistas uniram-se noutra iniciativa, que já rendeu 8700 euros.
"Jesus quer dar-nos um treino"
Fã de Jorge Jesus, Mariana Dantas não esquece o dia do encontro com o treinador português no Ninho do Urubu. "Fez questão de dar um abraço e cumprimentar todas as atletas. Perguntou em que posição jogávamos e até brincou ao dizer que queria dar-nos um treino e se nos estávamos de acordo. E respondemos: "Demorou [a chegar o pedido]." Se essa ideia avançasse, seria um sonho, porque Jorge Jesus é uma estrela do Flamengo", conta. Sobre a equipa masculina, refere, perentória, que Jesus revolucionou o emblema carioca. "Fez com que os jogadores, que já eram bons, se tornassem ainda melhores. Jesus fez total diferença, porque põe muita intensidade na equipa. É muito bom ver jogos do Flamengo", afirma, acrescentando outra mais-valia. "Teve a coragem de colocar no banco alguns jogadores que nunca saíam do onze. Não olha ao nome do jogador ou ao salário. Quem treina melhor é quem joga, e parece ser um treinador muito justo. Com ele, os jogadores não se acomodam", afiança a atleta, também com nacionalidade espanhola, o que lhe pode abrir portas na Europa.
Annaysa chateada no Benfica
Dantas cumpre o primeiro ano no Flamengo e, no emblema carioca, reencontrou Annaysa, avançada que em janeiro deixou o Benfica, pelo qual só fez cinco jogos. "Tínhamos jogado juntas no Audax. Ela não teve muitas oportunidades no Benfica e disse-me que estava um pouco chateada. Por isso veio embora, mesmo sabendo que no Fla ganha menos do que no Benfica. Disse-me que queria jogar e aparecer. É muito boa atleta", diz.