Ao contrário de quase todo o mundo, este país nórdico adota medidas de contenção leves e aposta na responsabilidade coletiva para que a covid-19 se espalhe lentamente.
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Toda a Europa está debaixo de rigorosas medidas de confinamento...toda? Não. Um país nórdico povoado por suecos confiantes na responsabilidade coletiva ainda resiste ao bloqueio. E a vida não é nada fácil para uma comunidade científica à beira de um ataque de nervos com a evolução da covid-19, em especial quando comparada com as dos países vizinhos. A vida segue quase como sempre foi na Suécia.
A medida mais rígida é a proibição de ajuntamentos com mais de 50 pessoas e as visitas a lares de idosos. De resto, aconselham-se bares e restaurantes a ter apenas serviço de mesa, e apela-se à redução do contacto com pessoas acima dos 70 anos. O trabalho a partir de casa é encorajado, mas já é a realidade para muitos trabalhadores e será simples de adotar para muitos outros, num dos países mais tecnologicamente avançados da Europa. O governo, liderado por Stefan Lofven, pede às pessoas que se "comportem como adultos" e "não espalhem pânico e rumores".
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A estratégia é essencialmente desenhada pelo epidemiologista Anders Tegnell, da agência de saúde pública. "Estamos a tentar abrandar o contágio o suficiente para lidarmos com os pacientes que cheguem aos hospitais. É impossível manter um bloqueio por meses", insiste Tegnell, que nem quer ouvir falar no termo "imunidade de grupo", mas tem recebido cada vez mais críticas. "O governo acha que não pode conter o vírus, então decidiu deixar as pessoas morrer. Estão a levar-nos para uma catástrofe", disse, ao The Guardian, Cecilia Soderberg-Nauclér, investigadora de imunologia viral, e uma das duas mil assinantes, entre médicos, cientistas e professores, de uma petição que pede medidas mais rígidas. Carl-Henrik Heldin, biólogo e presidente da Fundação Nobel, também lá está.
Na última semana, como mostra o gráfico em baixo, os óbitos ligados à covid-19 na Suécia afastam-se cada vez mais dos países vizinhos que têm um número de contágios aproximado e que mais têm servido de comparação. Não chega para assustar Anders Tegnell: "Não é traumático. Claro que vamos para uma fase na qual os casos vão crescer e mais pessoas vão precisar de cuidados intensivos, mas é como em qualquer outro país. Nenhum está a conseguir abrandar consideravelmente a propagação."