"Não tive medo, mas confesso que o Benfica arrasou tudo, até com o próprio Benfica"
FORA DE JOGO - O conhecido humorista Fernando Rocha é o entrevistado desta semana, numa conversa a não perder.
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Fernando Rocha anda a fazer rir o povo há 20 anos. Num estilo muito próprio, às vezes brejeiro, o que lhe dá ainda mais graça e ninguém lhe leva a mal um palavrão. Ganhou esse direito... É um humorista que muitos imitam, ou pelo menos tentam, mas a sua vida profissional levou uma volta nos últimos tempos. Foi convidado a entrar na telenovela "Amor Amor", da SIC, o papel que faz, o bombeiro Tó Quim, começou por ser pouco interventivo, mas com o andar da novela ganhou maior espaço e o respeito de quem o vê em ação. É um ator, que continua a fazer rir, mas que gostava um dia de experimentar fazer papel de vilão. Adepto portista, concorda que na época passada o Benfica arrasou como Jesus prometeu... arrasou, quer dizer, o próprio Benfica.
Alguma vez te passou pela cabeça que irias fazer uma telenovela?
Não, não me passou pela cabeça, senão não tinha andado 20 anos nos palcos a fazer rir.
Como é que a oportunidade surgiu?
Foi o Daniel Oliveira que me lançou o desafio. Eu já lhe tinha dito que um dia gostava de experimentar fazer uma telenovela e ele não se esqueceu. Lançou-me o desafio e eu aceitei. Começou por me dar um papel pequeno, atrás do balcão. Aliás, se fizeres um exercício de memória chegas à conclusão que os atores que fazem papéis atrás de balcões têm pouco protagonismo ao longo de uma telenovela. Mas correu bem, a personagem ganhou vida e importância e ganhou um espaço dentro da história que é cada vez maior.
Demoraste muito tempo a aceitar?
Segundos, não tive que pensar muito, até porque era uma coisa que eu queria experimentar.
Admites que no início houve alguma desconfiança sobre a capacidade de fazeres uma telenovela?
Claro que sim, admito e compreendo. Foram 20 anos de uma carreira a fazer comédia em cima dos palcos, é natural que algumas pessoas tenham desconfiado da minha capacidade para interpretar um papel numa telenovela. Mas o Tó Quim, a personagem que interpreto, conquistou o público. O Daniel Oliveira também está satisfeito. Portanto, quem interessa está satisfeito, ou seja, o público e a direção da SIC, portanto, está tudo bem.
Concordas que será muito difícil fazeres um dia um papel dramático. Olha-se para ti e estamos sempre à espera que nos faças rir...
Sim, será muito difícil e um grande desafio, mas eu acho que daria um bom vilão, acho que tenho características para isso. Não terei sensibilidade para fazer aqueles dramalhões de fazer o povo chorar, mas um vilão acho que chego lá.
Quem é mais chato de aturar: os personagens "shô Vítor" (Renato Godinho) ou a Jéssica (Débora Monteiro)?
Nenhum deles, são duas pessoas maravilhosas, dois colegas fantásticos, O Renato Godinho tem sido, desde o início, um mestre, está sempre a dar conselhos. Esses dois atores foram, de facto, fantásticos na minha integração, mas devo dizer que, desde o início, fui muito bem recebido por todos. Foi extraordinário. Seria natural que alguns me recebessem com alguma frieza porque são atores que fizeram os seus cursos, mas foram todos de um carinho que me impressionou e me deixou muito sensibilizado. É um grupo excecional.
Vamos lá falar de bola. Na época passada, o Jorge Jesus disse que o Benfica ia arrasar. Tiveste medo que isso acontecesse?
E arrasou, o Jesus arrasou com o Benfica. Perdeu o campeonato, perdeu a Taça, não foi longe nas competições europeias. Não tive medo, mas confesso que o Benfica arrasou tudo, arrasou com o próprio Benfica.
E vês o FC Porto a ser campeão nesta época?
Sinceramente? Não, não vejo. Não me parece que haja muita união no balneário. Podes ter jogadores muito bons, mas se não houver união, não tens sucesso. Espero enganar-me.
Dizes muitos palavrões quando o FC Porto perde?
Eu sou o gajo que mais diz palavrões quando o Porto perde, que mais insulta os jogadores. Estou a ver o jogos e sou capaz de empurrar a televisão a mandar os gajos prá frente. Lá em casa sou assim, e digo muitos palavrões, claro.
Por falar nisso, se eu disser um um palavrão em público ou se o escrever aqui no jornal, sou condenado, mas tu dizes muitos e as pessoas acham piada. Como é que consegues isso?
Deixa ver como é que te explico isso... Se fores numa auto estrada, eu ou tu, a 220 Km/hora onde só podes circular a 120, se calhar as coisas não te correm muito bem. Mas se for o Pedro Lamy já não será bem assim.
És uma pessoa feliz?
Sim, sou uma pessoa feliz. Desde que os meus estejam bem, sou o gajo mais feliz do planeta.