Valorizo mais a primeira época de Bruno Lage, em que ganhou, com futebol maravilhosamente arrasador
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1 - Vitória, Lage e Schmidt chegaram, viram e venceram, assim se tornando autores dos últimos quatro títulos que o Benfica conquistou, mas não precisaram de muito tempo até que caíssem em desgraça e fossem, para gáudio dos adeptos mais insatisfeitos, sumariamente despachados. Há em todos estes processos um padrão que devia obrigar a uma profundíssima reflexão - e eu deixo já aqui uma primeira pista: de acordo com o GoalPoint, em 2019-20 e 2023-24, precisamente épocas que se seguiram a duas em que se sagrou campeão, o Benfica foi a equipa que mais dribles consentiu na Liga.
2 - Sou um agnóstico militante, mas, confesso, o Benfica é para mim uma religião. Em razão disso, tenho uma inabalável fé no trabalho de qualquer treinador que chegue (ou regresse) ao clube - e é por isso que, ao contrário de tantos outros, valorizo mais a primeira época de Bruno Lage, em que ganhou, com futebol maravilhosamente arrasador, um campeonato dado como perdido, do que a segunda, quando perdeu outro que estava em ponto de rebuçado para ser conquistado. Relembrando aquela notável segunda volta de 2018-19, com vitórias nos campos de todos os mais difíceis adversários, concluo que é impossível que tamanho feito possa ter sido obra do acaso, da sorte ou do demérito alheio. Vamos com tudo, Bruno!
3 - Sem que se vejam evoluir nos relvados os sete reforços que a SAD foi contratar fora de portas, especialmente os que ainda não se estrearam com o Manto Sagrado vestido - Kaboré, Amdouni e Akturkoglu -, não me parece recomendável que se arrisque uma avaliação atualizada do plantel. Dá ideia que ficou mais equilibrado, com duas opções válidas para cada posição, mas a palavra tem-na agora Bruno Lage. Voltaremos ao assunto.
4 - Confesso que já vi com algum orgulho - hoje totalmente enterrado - os dados de organismos internacionais que apontam o Benfica Campus como a mais lucrativa academia do mundo ou o Benfica como o clube com o maior superavit mundial entre vendas e compras de jogadores nos últimos dez anos. Dois “títulos” que não contam para nada se os outros, os que contam, não forem enriquecendo, continuada e consistentemente, o valiosíssimo espólio do Museu Cosme Damião.
5 - Foi Portugal que defrontou a Croácia ou foi apenas Cristiano Ronaldo a fazê-lo? Não estranhe a dúvida, caro leitor: basta que atente nas capas dos diários desportivos de sexta-feira e nelas nada mais encontrará do que referências aos extraordinários - sem ironia - 900 golos de CR7. É exatamente por causa desta subserviência - da federação, do selecionador, dos colegas e da comunicação social - à obsessão do capitão por recordes que a Seleção fica sistematicamente aquém do que pode e deve atingir.
6 - Continua o Benfica a fazer desmentidos atrás de desmentidos de “notícias” do Correio da Manhã, da CMTV e do Record. Não seria mais eficaz o clube aplicar aos media deste grupo de comunicação uns corretivos que colocassem um ponto final nesta degradante brincadeira.
7 - Segundo se soube, os Super Dragões vão ser responsabilizados pelos pagamentos das multas causadas pelos seus comportamentos. Tiro daqui o chapéu aos promotores da ideia.