A época está a dar os primeiro passos e a polémica está instalada. É preciso colocar um travão no clima de guerrilha, porque, de outra forma, um dia destes acordamos a discutir lugares no ranking UEFA com as Ilhas Faroé.
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Num futebol português em permanente clima de guerrilha, o que em nada contribui para o crescimento sustententado e necessário que todos reclamam, de uma caldeirada à moda antiga surge um raro consenso: o que se passou no Dragão, no último domingo, prejudica gravamente a internacionalização da Liga.
Vitinha, internacional português que observa o campeonato desde França, está preocupado, por entender que acontecimentos como o da última jornada retiram o foco do essencial, da sobrevivência, no fundo, porque o médio coloca a tónica na batalha dura que os clubes nacionais travam para trepar no ranking da UEFA.
Também o presidente do Benfica se pronunciou ontem sobre o tema, lembrando a importância da imagem internacional sair negativamente afetada numa altura em que se discute a questão dos direitos televisivos, uma ideia que faz todo o sentido, ao contrário do comunicado emitido pelo clube, a exigir explicações para os 17 minutos de descontos -que na realidade se prolongaram até aos 23" - quando, efetivamente, nesse longuíssimo período, a bola apenas rolou durante sete (!) minutos.
Como se impõe, sendo a arbitragem tutelada pela Federação Portuguesa de Futebol, também a Liga de Clubes espera por explicações.
O VAR, nenhuma dúvida, tem sido um inesperado foco de problemas. A época dá os primeiros passos, ainda a tempo, portanto, de voltar a ser um instrumento de consenso e não um catalisador de polémica. Mas as palavras não chegam, é preciso mais, é necessário um esforço genuíno dos dirigentes, norteado pela sustentabilidade coletiva da Liga.
À primeira vista, em Portugal, parece impossível, mas como sou crente, a esperança será a última a morrer.