Melhorar a competitividade do futebol português é fundamental e passará sempre por acesso mais democrático ao bolo financeiro dos direitos de transmissão.
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Depois do empate entre Sporting de Braga e FC Porto, a discussão do país desportivo centralista passou a ser sobre se a vantagem de dez pontos sobre o segundo classificado é suficiente para o Benfica festejar o título.
Não é, no entanto, por muitos falarem do mesmo que deixarão de existir outros temas mais importantes para refletir no futebol português. Desde logo, o facto de a diferença de meios, financeiros e humanos, entre os clubes do topo da tabela e os outros ser cada vez maior.
Quando comparada com as cinco grandes ligas europeias, é na portuguesa que a distância entre o quinto classificado e o primeiro, em termos pontuais, é mais significativa. O Vitória de Guimarães, que sábado saiu goleado do Estádio da Luz, está a 28 pontos do Benfica. Em Itália, 24 pontos separam a Roma de Mourinho do Nápoles; o Bétis está a 23 do Barcelona; o Newcastle a 22 do Arsenal; o Rennes a 16 do PSG e o Leipzig a oito do Dortmund. Até ao final da época, provavelmente, o fosso será ainda mais evidente.
A amostra denuncia que "há" dois campeonatos. O de Benfica, FC Porto, Braga e Sporting e o dos outros. Por muito que nos custe a todos, é impossível ignorar que os grandes espetáculos têm denominadores comuns estes clubes. O Braga-FC Porto, de anteontem, é um bom exemplo. É necessário estreitar o fosso que separa estas equipas das outras.
E isso só é possível com mais dinheiro disponível para o proletariado do nosso campeonato, o que só será uma realidade com uma distribuição mais justa das verbas provenientes das transmissões televisivas. Neste particular, até o Governo parece ser mais sensato do que os clubes, uma vez que a centralização teve de ser imposta por decreto. Valha-nos isso...