Anselmi perdeu três oportunidades de esclarecer os adeptos do FC Porto, mas falar em vingança e fracasso não ajuda a explicar. Já Rui Borges, entre pedras no caminho e tropas reunidas, tenta apaziguar... Boa sorte!
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Os treinadores têm uma vantagem relativamente a outros protagonistas do futebol: têm duas oportunidades para falar depois de um jogo e ainda podem esclarecer mais e melhor alguns dias depois. Entrevista rápida, conferência de imprensa de rescaldo e antevisão, três oportunidades que Martín Anselmi não aproveitou para esclarecer os adeptos portistas sobre o que aconteceu ao FC Porto frente ao Benfica.
Da boa comunicação diz-se que o mais importante não é o que se diz, mas o que o outro, o que ouve, entende. Ora, os portistas que ainda não terão percebido o que sucedeu na noite de domingo continuam sem respostas do treinador argentino. Falar em fome e sede de vingança; fracasso é não assumir erros; ideia e paixão não chegam para explicar a exibição portista e deixa a porta aberta para ideias generalistas e que se repetem sobre o plantel do FC Porto: falta qualidade, é jovem, carece de vozes de comando… Da arte de bem comunicar, diz-se que vai além da troca de palavras, deve ser uma troca de entendimento. Anselmi, ao não querer falar mais em pormenor – e de cabeça mais fria – sobre o FC Porto do passado domingo, perdeu as três oportunidades que tinha para esclarecer os adeptos sobre o que esperar da complicada deslocação à casa alugada do Casa Pia.
Quando tudo corre de feição, todos falam bem. Rui Borges tem razão em atirar para canto as perguntas sobre pressão, recordando que chegou ao Sporting em vésperas de um dérbi caseiro com o Benfica. Mas não pode esperar que consiga apaziguar os adeptos leoninos com a ideia de que, em três meses e meio no clube, esta está a ser a primeira semana fora da liderança. Nem esperar que falar em pedras no caminho, tropas reunidas, pressão diária acalme os mesmos na véspera da deslocação aos Açores para defrontar o Santa Clara, que venceu em Alvalade. A quem Gyokeres não marcou na primeira volta.