A JOGAR FORA - Um artigo de opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 Em dois jogos de pré-época - Brentford e Feyenoord - marcaram presença na Luz mais de 95 mil benfiquistas. Na Suíça tinha sido a loucura que se sabe. Para o confronto com o Fulham a bilheteira esgotou dois ou três dias antes do jogo. Tudo isto, que não é coisa pouca, numa pré-época que se segue a uma temporada frustrante e, admitia-se, desmobilizadora. Que os dirigentes, equipa técnica e jogadores estejam à altura da crença que os adeptos têm neles. Não estão obrigados a ganhar tudo, não estão obrigados a ganhar sempre, não estão dispensados de deixar a pele em campo!
2 Seis jogos contra adversários de médio grau de dificuldade, três vitórias, dois empates e uma derrota. Que Benfica vamos ter? O de 2022/23, que amassou o Feyenoord em menos de 45 minutos, ou o de 2023/24, que se apresentou sem dinâmicas e inconsequente na primeira parte com o Fulham? Com o plantel que tem à disposição e as cinco substituições permitidas, muito me dececionarei se a proposta de jogo de Schmidt não for a que trazia na bagagem quando aqui aterrou em julho de 2022.
3 Em verdade, só num futuro mais ou menos próximo poderemos avaliar se João Neves foi bem ou mal vendido. Para já, adianto duas breves notas: 1. O João estava ainda em processo de crescimento e valorização, não era um “fruto” maduro, tinha mais duas excelentes montras - Champions e Mundial de Clubes - para se mostrar aos tubarões; 2. Só prementes necessidades de tesouraria podem ter obrigado Rui Costa a vender o nosso melhor jogador da época passada por um valor tão abaixo da cláusula.
4 Uma palavra de apreço e gratidão para os profissionais da nossa formação, tantas e tantas vezes injustamente esquecidos: desde 2017 “meteram” mais de 500 milhões de euros nos cofres da SAD.
5 Foi, inegavelmente, um bom acordo: Renato Sanches vai ter custos em função, e só em função, da sua utilização; ficou ainda estabelecida uma cláusula de compra de 10 M€, ou seja, o Benfica não trabalhará para recuperar e valorizar um ativo do PSG. O desafio de voltar a fazer do Renato um jogador “top” é grande para o clube, sem dúvida, mas ainda maior para o jogador. Vamos, Renato!
6 Leio notícias sobre os valores das vendas de Malheiro (Boavista) e Jota Silva (Guimarães) para clubes estrangeiros, rebobino o filme para me lembrar o quanto nos pediram por esses craques, e solta-se-me de imediato a pergunta: já não basta enchermos-lhes os estádios aos preços mais altos da época - um verdadeiro abono de família - e ainda tentam que os financiemos a fundo perdido com aquisições acima do valor de mercado?
7 Escolha o leitor o que é que mais o surpreende: uns chineses dispostos a comprar a SAD do Portimonense pela módica quantia - está sentado? - de 80 milhões de euros ou o Ministério Público, sempre com a mira apontada ao Benfica, não se ter interessado pelas transferências que entre 2015 e 2023 puseram mais de 30 jogadores na “ponte aérea” entre o Dragão e Portimão, alguns deles, inclusive, com bilhete de ida e volta.