JOGO FINAL - Uma opinião de Vítor Santos
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Sérgio Conceição e Roger Schmidt abdicaram da antevisão dos jogos com Desportivo de Chaves e Famalicão, respetivamente, em conferência de Imprensa. Por razões diferentes.
Num futebol português onde abunda o discurso incendiário e sem sentido, é uma pena que Conceição e Schmidt, dois protagonistas interessantes, se calem de uma hora para a outra.
O treinador encarnado encontra-se a cumprir um jogo de castigo, o que não o impede de se submeter às perguntas dos jornalistas, enquanto a decisão do homólogo portista se prende com o facto de ter sido visado numa queixa da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol. A opção de ambos, sendo legítima, dificilmente poderá beneficiar alguém, por motivos óbvios, sendo que o mais relevante é mesmo privarem os adeptos da visão que mais importa sobre os jogos. É importante conhecer a opinião de jogadores e treinadores, e estes dois protagonistas são até bastante interessantes, muitas vezes os principais rostos dos clubes.
Schmidt acabou de chegar, mas Conceição anda por cá há muito, tendo um longuíssimo crédito no sentido de dar a cara em momentos delicados do FC Porto. A adoração da nação portista pelo técnico não deriva apenas dos resultados, que são bons, resulta também da frontalidade que o caracteriza.
Em resumo, não é positivo para o futebol caminharmos no sentido de as pessoas que valem a pena e merecem ser ouvidas deixarem, de uma hora para a outra, de partilhar as suas ideias, porque se há problema que o desporto tem, com dose de responsabilidade da Comunicação Social (mea-culpa), é dar protagonismo a gente gasta e pouco interessante, cujo discurso tem mais de nocivo do que de proveitoso. Não é o caso de Conceição e Schmidt. Perde o futebol e, sobretudo, os adeptos, sem culpa nenhuma em tudo isto.