Galeno começou a época no banco mas rapidamente se transformou num dos jogadores mais excitantes da Liga, confirmando a tendência de Conceição para os lançar no tempo certo.
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A pressa de ver os reforços em jogo é, muitas vezes, vítima da perfeição. Sérgio Conceição tem o mérito de pensar pela própria cabeça e definir, sem ceder a pressões, a hora certa para lançar um jogador. A espera nem sempre é bem acolhida junto dos adeptos e até de quem se entrega à missão de analisar o futebol.
Tratando-se de um desporto coletivo, o entrosamento com os companheiros é fundamental e a realidade é que aos clubes portugueses continua a faltar fulgor financeiro para contratar jogadores cuja qualidade e currículo "obriguem" a titularidade imediata.
Mas desconfio que, com Sérgio Conceição, até esses teriam de esperar pela oportunidade. Os títulos conquistados ao serviço dos dragões e as transferências, com encaixes importantes para equilibrar as contas da SAD, dão razão ao treinador portista. Os exemplos de Vitinha e Fábio Vieira ilustram bem a sensibilidade do técnico para definir o timing certo para extrair o melhor mesmo dos mais jovens. Foram campeões e deixaram saudades.
Também Luis Díaz ganhou consistência e visibilidade no laboratório de Sérgio Conceição, depois de passar muitos jogos à espreita a partir do banco. Quando, finalmente, chegou a hora, arrebatou a titularidade e as plateias, e a história, de azul e branco, terminou com uma transferência para o Liverpool. A capacidade do treinador para formar extremos - enquanto jogador, também ele atuava nas alas - é sublinhada, agora, pelo crescimento de Galeno.
O brasileiro já tinha evoluído em Braga, voltou ao Dragão e transformou-se, em poucos meses, no extremo mais excitante da Liga, acrescentando capacidade de definir no último terço à explosividade e movimentando-se sempre com aquela brilho nos olhos (que o técnico há uma semana pedia) a apontar para a baliza.