A JOGAR FORA - Um artigo de opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 O futebol tem destas coisas deliciosamente contraditórias: enquanto por cá meia nação benfiquista aspira pela saída de Roger Schmidt, alguns inclusive pelo seu despedimento imediato e compulsivo, na Alemanha, a crer no que tem sido profusamente noticiado, é o Bayern - leu bem, o Bayern - que aponta baterias ao nosso treinador. Seria, há que reconhecer, uma saída airosa para todas as partes. Será?
2 Aos 90 minutos do jogo da segunda mão dos quartos de final da Champions, que Real e City precisavam de ganhar, Guardiola tinha feito uma única substituição (aos 72’) e Ancelotti duas (aos 79’ e 84’). Esta semana, em Dortmund, na meia final da competição, Luis Henrique fez apenas duas substituições (uma delas por lesão) e Edin Tarzic, tendo feito essa enormidade de quatro, fê-las todas a partir dos 83 minutos do jogo. Quem não sabe que quando se ganha tudo são rosas, da mesma forma que quando se perde tudo são espinhos? Roger Schmidt, que tomou demasiadas decisões incompreensíveis ao longo da época, sabe, neste momento melhor do que ninguém, o que isto é.
3 Circularam por aí esta semana uns interessantíssimos dados - dados factuais, atenção - sobre as nomeações de árbitros para os jogos do Sporting desta temporada. Tal foi a insistência em nomeações repetidas de certos senhores árbitros - e neles não se incluem, curiosamente, os dois melhores classificados da temporada 2022-23 -, que é fácil concluir, no mínimo, pela incompetência do Conselho de Arbitragem. Voltarei ao tema.
4 A estrondosa derrota eleitoral de Pinto da Costa provou - não que fosse necessário - que não há um único detentor do poder absoluto que tenha a noção do tempo certo para abandonar o palco. Esta derrota do todo poderoso presidente do FC Porto abre, por fim, e já vai tarde, muito tarde, uma janela de oportunidade para a regeneração do futebol português. Será a nova geração de dirigentes capaz de o fazer? Serão os contemporâneos de Pinto da Costa capazes de se reciclar? A ver vamos.
5 Sei que João Gabriel raramente dá ponto sem nó (alguém dá?). Não sei qual foi desta vez o nó, mas destaco dois pontos essenciais: haja quem diga sobre a centralização de direitos que o rei vai, como todos já percebemos, nu; haja quem dê voz ao sentimento dos benfiquistas.
6 A equipa feminina de futebol juntou esta semana a Taça da Liga à Supertaça ganha no arranque da época. Estando na luta, na frente da luta, pela Liga e apurada para a final da Taça de Portugal, pode atingir um inédito e histórico pleno no final da temporada.
7 Saio do pavilhão da Luz com o sabor doce da vitória sobre o Sporting que valeu o título de 2023-24, mas não só: valeu um extraordinário pentacampeonato! E saio também com um forte sentimento de gratidão pelos momentos únicos que Marcel Matz e os craques do vólei do Benfica nos veem proporcionando desde a época 2018-19. Não fosse o Covid-19 e estaríamos a comemorar o sexto título de campeão consecutivo. Não faz mal, fica para o ano.