Um artigo de opinião de Carlos Flórido, editor do jornal O JOGO
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A quebra de qualidade do pelotão e a ausência de referências portuguesas – com exceção do campeão olímpico Iúri Leitão, um novo fenómeno de popularidade, mas sem características para discutir a camisola amarela – já teve o reflexo que se temia: a Volta a Portugal terminou o seu périplo pelo Norte, onde as estradas habitualmente se transformam num cordão humano, e registou uma visível quebra de público.
Os próximos dias fazem temer ainda pior, embora a maior corrida nacional conserve aspetos positivos: Guarda, Torre, Santarém, Montejunto e Lisboa serão todas chegadas entusiasmantes e a classificação está por definir. Artem Nych, Byron Munton, Jesús David Peña, Alexis Guérin e Lucas Lopes estão separados por menos de um minuto, pelo que qualquer um pode ganhar, mas esta lista obriga a regressar às primeiras linhas: o povo vai sabendo quem é o russo que venceu há um ano e os restantes são ilustres desconhecidos, incluindo o poveiro de 22 anos, o menos favorito do quinteto, embora seja aquele a quem se augura maior futuro. O jovem da RP-Boavista é novo Afonso Eulálio do pelotão nacional, com lugar garantido muito em breve no World Tour. O que não chega para levar as pessoas a uma Serra da Estrela.
A Volta terá de mudar, seja com a organização da Podium Events ou outra, e entretanto dispensaria polémicas como as que o colégio de comissários tem gerado, somando erros incompreensíveis: uma agressão a soco que não deu expulsão, um sprint em Bragança com aparência de irregular e um minuto retirado aos fugitivos na neutralização antes da Senhora da Graça. Tudo decisões com influência no resultado, o que é incrível.