Com ou sem entrevista, Ronaldo seria sempre apontado, a meias com Fernando Santos, como grande responsável no caso de Portugal ficar aquém das expectativas no Campeonato do Mundo.
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Cristiano Ronaldo entende ter chegado o momento de dar uma entrevista que pode, no limite, ser classificada como um pedido de rescisão com o Manchester United.
Ninguém desejará trabalhar com um jogador que não o respeita, sob pena de, da noite para o dia, perder toda a autoridade. Mas esse é o problema que Erik ten Hag, o clube e o madeirense têm para resolver.
Os portugueses estarão mais preocupados com o efeito de eventuais ondas de choque desta entrevista junto da Seleção. A realidade é que não vislumbro maneira de as palavras de Ronaldo adquirirem gravidade suscetível de mexer com o ambiente na equipa nacional. O jogador é livre de falar, isso é inegociável.
Quem acompanha a Seleção sabe muito bem que CR7 é sinónimo de mediatismo. São às dezenas os jornalistas que acompanham Portugal por causa de dele, e em regime de exclusividade. Querem saber tudo sobre Ronaldo e as perguntas sobre o capitão são a única certeza das conferências de Imprensa das grandes competições, seja qual for o jogador escolhido para falar. Os companheiros dele estão, portanto, habituados. Ronaldo não se colocou no centro das atenções. Esteve sempre lá, no olho do furacão mediático.
Numa perspetiva individual, se calhar até se apresentará com a cabeça mais limpa, depois das polémicas declarações. Se o Mundial não lhe correr bem, será cobrado individualmente. E, sejamos claros, se Portugal não fizer boa figura no Catar, seja qual for o desempenho de CR7, este será sempre apontado como um dos maiores responsáveis. Mas seria sempre assim, com ou sem entrevista.