Ganhar é sempre o melhor remédio, ainda que nem todas as vitórias sejam iguais, que o digam leões e águias. Do segundo para baixo, a Taça terá peso
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Várias imagens fortes ficaram desta 27.ª ronda do campeonato: das diferentes formas como Sporting e Benfica se agarraram aos três pontos até mais um episódio da série “pânico na Linha”, com o FC Porto a sucumbir perante o Estoril. Foi a terceira vez esta época em quatro confrontos para as três provas internas que os “canarinhos” reduziram a cinzas o fogo do dragão, que saiu da Amoreira revoltado, queixoso com árbitro e VAR mas a dez pontos dos leões (que poderão ser 13) e nove das águias, o que torna a missão de alcançar os dois lugares de Champions pouco menos do que impossível.
Um parêntesis para lançar a sugestão de, como em outras ligas onde a polémica tem sido forte em torno do VAR, nomeadamente França e Itália, também em Portugal se refletir acerca da diferença entre os conceitos “auxiliar da arbitragem” e “rearbitragem”, isto é, entre ajudar o árbitro de campo ou assumir o lugar dele na tomada de decisões.
Recuperando o que se diz acima, leões e águias somaram os três pontos, mas é diferente fazê-lo “de virada” e ainda antes do intervalo, como a equipa de Rúben Amorim no campo do Estrela da Amadora, ou em sofrimento face ao último, um Chaves que chegara à Luz a sofrer mais de dois golos por jogo em média. Ao Benfica não bastaram dois penáltis (e um deles repetido!) para abrir o marcador, acabando por ser um golo de cabeça de João Neves, na sequência de um livre e do alto dos seus 1,74 metros, a permitir a Schmidt respirar de alívio. As mensagens transmitidas para o futuro imediato, essas, foram diametralmente opostas, considerando que os rivais lisboetas que discutem o topo da tabela se defrontam hoje para a Taça e no sábado para a Liga, num confronto que pode ser decisivo.
Se nos encarnados foi o médio português a garantir o triunfo, nos verdes e brancos coube a Nuno Santos essa originalidade, fugindo ambos às primeiras opções quando se pensa em goleadores dos respetivos clubes. Com vários triunfos pela margem mínima, sítios houve onde brilharam os suspeitos do costume - no já citado Estoril, Cassiano foi o homem-golo; em Guimarães, o dérbi com o vizinho Moreirense foi resolvido por Jota Silva, um caso de saudável dependência!
A fechar, e em plena “novela sai-não-sai” de Artur Jorge, o Braga capitalizou em Portimão a escorregadela portista, colocando-se a apenas dois pontos dos dragões na luta pelo pódio e voltando a distanciar-se do perseguidor V. Guimarães. Num encontro com metade dos golos de toda a jornada até então (oito), não houve lugar a goleadores inesperados, com o trio de ataque a carburar em pleno: Bruma e Banza bisaram e Roger fez o outro. Claro que, dependendo do desfecho da Taça de Portugal e olhando à classificação atual, a luta pelo terceiro posto, em caso de triunfo do V. Guimarães na prova-rainha (entra na fase de grupos da Liga Europa), será a luta pelo acesso... à segunda pré-eliminatória da segunda competição da UEFA. Ou seja, FC Porto e Braga podem vir a discutir uma posição que obrigue a passar três eliminatórias a duas mãos até à fase de grupos... Uff!