Rúben Amorim tem um lado teimoso que pode dar jeito a um líder, mas também causar dissabores, porque há limites para tudo. Manter Paulinho no banco parece cada vez mais incompreensível.
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Gandhi dizia que com muita teimosia se conseguem coisas que parecem impossíveis, só que existe sempre um limite e muitas exceções. Uma delas, e se calhar até o ativista indiano concordaria se estivesse vivo, é deixar sucessivamente Paulinho no banco, quando todos percebem que a equipa do Sporting funciona melhor com ponta-de-lança em campo.
O treinador começou a desenhar, na pré- época, uma nova versão do Sporting, com um ataque composto por unidades móveis e fortes tecnicamente, em detrimento de um elemento mais fixo como Paulinho. Jogo após jogo, percebemos que a equipa não funciona bem assim. Talvez apenas contra o Tottenham, nessa grande vitória em Alvalade, a ideia terá resultado em pleno, porque pela frente estava um adversário pronto para assumir o jogo.
Na maioria das jornadas do nosso campeonato acontece precisamente o contrário. O Sporting é candidato ao título e defronta equipas muito fechadas, florestas de pernas que obrigam os jogadores a perderem-se em dribles, sem uma referência na área que permita maior objetividade, ofereça linhas de passe e acrescente poder físico e capacidade de finalização.
Os leões acabarão por vencer a maioria dos jogos das competições internas com maior ou menor dificuldade, mas até na capacidade de pressão na saída de bola do adversário se sente a falta de Paulinho. No sábado, a perder diante do Casa Pia, Amorim lançou-o ao intervalo. Ainda foi a tempo, porque o avançado respondeu com um golo e uma grande exibição, ajudando a dar a volta ao resultado.
Um dia destes, porém, Amorim pode voltar a dar-se mal, correndo o risco de dar razão a Gandhi por acontecer o que parece impossível: sair do clube devido aos maus resultados, depois de o ter conduzido à glória.