Talento individual e bons treinadores são a fórmula ideal para formar grandes jogadores. Na dose certa e com respeito pelos "vírus do futebol", que serão sempre decisivos para encher estádios.<br/>
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Estará a evolução científica do treino a formatar os jovens jogadores, contribuindo para se perder a magia inata dos futebolistas?
A questão é sensível, merece e foi discutida ontem em Ermesinde, onde a I Conferência de O JOGO juntou dirigentes, técnicos, empresários e muitas figuras do desporto para um debate que teve como tema de fundo o futebol de formação.
Expoente máximo desta nova era da organização, do passe perfeito e da procura constante do espaço, Guardiola ajudou a projetar uma revolução no futebol. Recuperar o exemplo do treinador do Manchester City será, provavelmente, a melhor forma de o leitor perceber do que estamos a falar. Não tenho uma resposta direta para a questão de arranque deste texto. Os grandes fantasistas do passado são hoje grandes treinadores e emprestam às suas equipas a dinâmica da moda, o que pode soar a contrassenso, mas talvez até seja natural. Chama-se evolução. Agora sustentada por técnicos saídos da Academia.
Se Portugal tem, provavelmente, a melhor formação, isso também se deve ao facto de produzir os grandes arquitetos do futebol moderno. Treinadores de topo, formam jogadores de topo. Entendo esse receio - que partilho - de assistir ao desaparecimento dos encantadores de plateias. Mas, socorrendo-me de uma frase de Domingos Paciência, eles "são o vírus do futebol", expressão sem qualquer carga negativa e que se explica pelo facto de terem o privilégio que os deuses do desporto só admitem aos génios da bola: destruir o adversário. Acabadinhos de sair de uma pandemia, até por respeito, é melhor pensar que os vírus não vão desaparecer...