Cristiano Ronaldo insiste em agrafar à Arábia Saudita o rótulo de terra prometida do futebol, uma manobra propagandística em que ninguém acredita.
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Apesar de ter sido passada à película num tempo em que os efeitos especiais estavam ainda cheios de defeitos, a cena de Linda Blair possuída pelo demónio, no filme "O Exorcista", continua a ser, provavelmente, o "dar à volta à cabeça" mais célebre da história. Costuma dizer-se que o dinheiro dá a volta a cabeça de qualquer pessoa, sobretudo se tiver problemas financeiros. Não é o caso de Cristiano Ronaldo. Mas quando vemos o jogador do Al Nassr insistir na ideia de comparar o campeonato da Arábia Saudita às grandes ligas europeias, percebemos que Linda Blair está prestes a entregar o testemunho.
Se não é pela lógica, porque ninguém com dois dedos de cérebro acredita na profecia de Cristiano Ronaldo, só pode ser pelos milhões. O melhor jogador português de todos os tempos é o rosto do projeto de um Estado que procura lavar a face com um detergente chamado futebol.
Pode até ser legítimo, mas não é bonito, porque atirar areia do deserto para os olhos pode magoar, principalmente a imagem do próprio Cristiano Ronaldo.
Em sentido oposto, fazem bastante sentido as declarações de Rúben Neves: "Al Hilal? Posso dar à minha família a vida que sempre sonhei para eles". Está bom de ver que Cristiano Ronaldo não é Rúben Neves, e o contrário também se aplica, porque o médio que protagonizou a transferência mais cara de sempre de um futebolista para a Arábia Saudita nunca será capaz de dizer que a liga inglesa caiu a pique após a sua saída do Wolverhampton. "Capisce", Ronaldo?