Obrigado, Tiago, evitaste uma semana de pressão, e depressão, para todos nós
A JOGAR FORA - Um artigo de opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 A paupérrima exibição em Famalicão, pior ainda do que a mais do que justa derrota, foi como que um autogolo marcado pela equipa na baliza da confiança dos adeptos que nela acreditam. Cheirou a 2023/24 por todos os lados, da defesa incapaz ao ataque inoperante, a ponto de ter sido legítimo perguntar para que serviram todas aquelas longas semanas da pré-época: não tiraram lições do que esteve mal na época passada, que foi, afinal, quase tudo?
2 Quem não adivinhava que ao primeiro tropeção, ao primeiro percalço da equipa, viriam imediatamente ao de cima as questionáveis opções de Schmidt, os reforços que afinal não o são, as lacunas do plantel, as incapacidades de Rui Costa para dirigir o clube? O que ninguém adivinhava é que alegadas fontes próximas de Sérgio Conceição - assim é fácil dar ou criar “notícias” bombásticas - tivessem feito saber que o técnico, desejoso de se vingar do seu ex-adjunto, vê com bons olhos o ingresso na Luz. Esqueçam lá isso...
3 Sem Di María, lesionado, diz-se que para um mês, e Neres dispensado de ter a cabeça no clube que (ainda) lhe paga o ordenado, sem criativos, portanto, temia-se o pior frente ao Casa Pia. Depois de Famalicão, não bastava ganhar, era preciso muito mais do que isso. “O melhor é jogar bom futebol”, resumiu Schmidt na conferência de Imprensa de lançamento do jogo. O bom futebol, porém, só se viu na Luz nos últimos vinte minutos, muito pelo pé direito de Tiago Gouveia, que assistiu primorosamente Pavlidis e, passados minutos, rematou cruzado, com perfeição, ao segundo poste. (O que não vale ter um ala dentro do campo!) Obrigado, Tiago, evitaste uma semana de pressão, e depressão, para todos nós.
4 A renovação em alta do contrato de patrocínio com a Emirates, que levava dez anos connosco, a que se somam agora mais cinco, é a melhor prova de que, pela competência com que trata os seus parceiros, o Benfica oferece, independentemente dos resultados desportivos, bom retorno àqueles que decidem investir no clube.
5 Evanilson, o tal que era melhor que Darwin, que não se entendia como Klopp, que de futebol percebe pouco, não o tinha contratado em vez do uruguaio, Evanilson, dizia, foi agora vendido ao “tubarão” Bournemouth por 37M€. Em rigor, em rigor, foi por menos, foi por 32M€, porque Villas-Boas teve que pagar 5M€ para comprar os 20 por cento do passe que estavam na posse do Tombense, clube brasileiro propriedade de Eduardo Uran, por sua vez empresário do jogador. Confuso?
6 Muda o presidente, muda o treinador, não mudam os hábitos de sempre: dois jogos, três penáltis, duas expulsões de jogadores adversários.
7 O Liverpool bateu a cláusula de 60 milhões de Zubimendi, mas o médio defensivo basco, produto da formação da Real Sociedad, preferiu continuar no clube, com quem tem contrato até 2027. Ficou a receber, mesmo depois de um ajuste feito no vencimento, um valor muito inferior ao que iria auferir em Anfield Road. O jogador não pediu para não lhe cortarem as pernas, o clube não precisou de o empurrar para fora. Que inveja!