Os sinais de modernidade, no futebol, não se traduzem em tempos de grande evolução. A sonhada extraordinária liga saudita parece-me um epifenómeno, tal como os clubes proveta.
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Bem longe, quase sem se dar conta aqui tão perto, a Arábia Saudita promete transformar-se numa potência do futebol. Em Portugal, a B SAD, ou o Cova da Piedade, nem se percebe muito bem, está sem garantias, ainda, quanto à elegibilidade para competir na Liga 3, mas com a certeza de que estes dois emblemas se pretendem transformar num só clube de futebol.
Das areias do deserto saudita à Estremadura portuguesa, os sinais de modernidade não auguram, necessariamente, tempos de grande evolução.
A aposta árabe, agora a seduzir futebolistas ainda longe do fim da carreira, tem muitos milhões para distribuir, ao estar estribada numa estratégia de índole política em busca da legitimação de um regime. Tudo legal, mas pouco sustentável a médio prazo, porque o futebol é usado como um meio e não como um fim. E o mesmo acontece com o projeto da B SAD e de outros clubes proveta - se não é política, são os negócios -, que tarde, mas melhor assim do que nunca, a futura lei de bases tratará de tornar irrepetíveis.
Se viajarmos às raízes do futebol, percebemos as razões para se ter tornado na modalidade mais amada e universal. O mérito tem de lá estar, as pessoas também. O dinheiro sempre deu muito jeito, mas só faz sentido quando gerado dentro do futebol. Os clubes sem adeptos têm vida, tal como as ligas cuja identidade se resume ao dinheiro e pouco mais.
Vaticino, a estas duas realidades, um prazo de validade reduzido, sem, claro está, apontar o dedo a quem aproveita o chão escorregadio que dá uvas. Ganhar dinheiro não é pecado, mas brindarei ao seu fim.