Além dos títulos em campo, Sérgio Conceição é campeão a estrear jogadores na Europa. Mérito do treinador e da estrutura, com irónico contributo de uma conjuntura desfavorável.
Corpo do artigo
Assinar pelo FC Porto é um passo decisivo para conquistar títulos, seja qual for o treinador. Foi isso o que aconteceu com Sérgio Conceição. Quando não venceu, esteve na luta.
Mas poucos técnicos terão, na história portista, uma impressão digital tão marcante como o atual. Talvez apenas José Maria Pedroto, que com Pinto da Costa iniciou uma viragem decisiva no clube e com impacto no futebol português e europeu.
Sérgio Conceição chegou ao Dragão numa conjuntura desfavorável. Não teve acesso a orçamentos galácticos, como Julen Lopetegui, por exemplo. E resistiu a tudo, até ao garrote do fair-play financeiro, com uma capacidade única de inovar, sempre no sentido do rendimento máximo.
Se pensarmos bem, conseguindo até, em fases menos aceleradas das épocas, retirar músculo e acrescentar encanto ao futebol das equipas que liderou ao longo destas seis temporadas. Até no sentido estético houve sempre evolução.
O último feito de Sérgio Conceição, no caso, com crédito a distribuir pela restante estrutura do clube, está desenvolvido nas páginas de hoje de O Jogo. Em seis anos, lançou mais jovens da formação nas provas europeias do que os anteriores nove técnicos portistas.
As dificuldades encerram sempre oportunidades. Ouvimos isto todos os dias, fartamo-nos e incomoda, mas é a realidade. No futebol então, nenhuma dúvida. Se o pulmão financeiro fosse outro, teriam chegado ao Dragão jogadores feitos, que, atendendo ao investimento, teriam de ser rentabilizados. É a lei do mercado, no FC Porto ou noutro emblema qualquer, uma mecânica engenhosa que atrasa a evolução e fecha os caminhos aos jovens formados nos clubes.