JOGO FINAL - Uma opinião de Vítor Santos
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No rescaldo das duas últimas jornadas da Liga discutiu-se mais os casos de duas crianças que foram maltratadas em Famalicão e no Estoril do que as arbitragens. É justo sublinhar que os árbitros estiveram à altura - com algumas exceções a confirmar a regra - mas importa acrescentar que a falta de civismo nas bancadas contribuiu bastante para manter ocupados os farejadores de polémica.
Portugal é um dos países mais seguros do Mundo, por muito que nos tentem vender o contrário. Tem problemas no desporto, como todos os outros, que urge resolver, mas sem passos em falso.
A prova de que o assunto continua - e bem - na agenda é a questão colocada a Bruno Fernandes, ontem, no estágio de preparação da Seleção. O médio do Manchester United retorquiu que nos devíamos focar nos exemplos do futebol inglês, onde adeptos de clubes diferentes convivem no metro sem qualquer problema. Infelizmente, não é sempre assim.
Sobram episódios de mau comportamento em Inglaterra. Nem sequer o metro é um grande exemplo, ou alguém esquece as cenas de racismo protagonizadas pelos adeptos do Chelsea no metro de Paris? Ou aquela enxurrada de pessoas sem bilhete a forçar a entrada em Wembley, na final do Euro 2020? E a violência dos fãs do Liverpool, que atrasou o arranque da última final da Champions? Não, nem os ingleses são os melhores, nem os portugueses são assim tão maus. Se fosse ao contrário, seria surpreendente, porque Portugal é o sexto país mais pacífico do Mundo e a Inglaterra o 34.º. Mas, sim, há problemas. E todas as medidas que contribuam para tornar o futebol mais seguro são oportunas.
Ao prometer, para breve, novidades na prevenção da violência no desporto, o Governo está a fazer o que lhe compete, mas é necessário que sejam coordenadas estruturantes, nunca de reação a uma situação conjuntural, porque decidir em cima das brasas da atualidade não costuma ser boa ideia.