Apesar da necessidade de apresentar equipas frescas nas provas europeias, recorrer às noites de sexta-feira para agendar os melhores jogos da Liga não é nada bom, sobretudo para os adeptos.
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A divulgação das datas e horários dos jogos da 6.ª à 11.ª jornadas projetou a discussão sobre um problema que se arrasta.
Dentro dos regulamentos, é certo, por aí nada a apontar, as partidas FC Porto-Braga e FC Porto-Benfica serão disputadas a 30 de setembro e 21 de outubro, respetivamente.
O caminho mais fácil, tantas vezes sugerido nas discussões de café, seria apontar responsabilidades à Liga. Nada mais injusto. O agendamento passa mais por clubes e pelos operadores televisivos do que pela entidade que tutela o futebol profissional.
Se FC Porto, Sporting de Braga e Benfica estão de acordo, só o operador pode forçar a mudança. Importa assinalar que, para quem transmite, é um bom negócio. Não será, por exemplo, para o setor cultural, que em Portugal vive à míngua - a tradição inglesa de manter os jogos à tarde também está relacionada com o respeito por espetáculos musicais, teatro, etc. -, e para os adeptos que pretendem deslocar-se aos estádios.
Estes jogos grandes à sexta-feira, por outro lado, não acontecem por acaso. Resultam da necessidade de as equipas terem mais tempo de descanso antes das competições internacionais (e até de seleções), porque na UEFA, como na União Europeia, há uma bazuca a disparar milhões, mas de periodicidade anual. De qualquer forma, existe sempre a possibilidade de se jogar ao sábado dentro dos tempos previstos para repouso. Numa coisa, espero, estarão todos de acordo: servir o "filé mignon" da Liga à sexta-feira tem de ser encarado como recurso, porque está longe de ser o ideal para a promover o futebol português, cativar novos mercados e seduzir adeptos.