O líder Sporting sofre em média um golo por jogo mas já tem o melhor ataque da liga. A goleada da ronda foi, porém, do “rentável” FC Porto.
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Dizia Johann Cruyff, numa das célebres frases que lhe são atribuídas e repleta daquela aparente simplicidade a que apenas se chega quando se sabe do que se está a falar, que “para ganhar, é preciso marcar mais um golo do que o adversário”. A máxima foi sendo evocada (mais até do que seguida) por arautos e defensores do futebol-espetáculo e, em simultâneo, pelos críticos do chamado resultadismo - que, no entanto, tem o mesmo objetivo, vencer! Chamar a Rúben Amorim o Cruyff de Alvalade soará exagerado, quando muito arrancará sorrisos complacentes, mas se de algo tem plena consciência o treinador do Sporting é da... necessidade de marcar golos, entendida aqui mais além da lógica do jogo mas como “vacina” para a já identificada dificuldade dos leões trancarem a sua baliza. E este arranque de 2024 não podia ser mais significativo: 13 marcados (4,3 de média) e três sofridos em três partidas, incluindo duas goleadas, por 5-1 ao Estoril e 5-2 ao Vizela, neste fim de semana. A isto podemos juntar mais seis partidas com três golos apontados pelos verdes e brancos, que nesta entrada do campeonato na segunda volta se assumiram como o ataque mais concretizador, deixando para trás o Braga.
Motivador para o que lhes falta na maratona que é a discussão do título? É o mínimo que se pode dizer, mais ainda quando Gyokeres (que anda na boca de toda a gente, a lembrar a pasta medicinal Couto...) mantém as rotações altíssimas, Trincão e Paulinho também marcam e sorriem.
No reino do Dragão também impera a boa disposição, como se o ano novo tivesse trazido vida nova. Trouxe, isso sim, um novo desenho tático e dinâmicas que parecem servir melhor os executantes como prova a maior vitória da jornada (5-0) e dos azuis e brancos neste campeonato, depois de até aqui terem como faturação mais elevada três golos marcados em duas partidas. Os 30 tentos apontados deixam a equipa de Sérgio Conceição em sexto lugar neste ítem estatístico mas rentabilizam como ninguém a concretização, já que fazem cada golo valer cerca de 1,4 pontos! Influência dos anos de Sérgio em Itália? Ou talvez a abordagem mais tradicional de que as equipas se constroem pela defesa, pois os 12 golos consentidos só encontram melhor registo nos 11 do Benfica. Só não se pode dizer que o investimento das águias no ataque nestas duas épocas de Schmidt tenha tradução direta em golos marcados (com as verbas de Rollheiser e Prestianni, o “bolo” em avançados chegará a cem milhões). Mas a qualidade acaba por vir ao de cima: Di María marcou e assistiu, Marcos Leonardo voltou a “picar o ponto”.
Se o Braga voltou a vencer em cima do “gongo”, o vizinho Vitória deu nova demonstração de saúde. Jota Silva reserva lugar destacado entre as figuras desta liga a cada jornada e o mesmo pode dizer-se de Mujica, no Arouca. Mas olhando ao topo da tabela, neste virar do equador do campeonato, começa a ser mais evidente a descolagem do quinteto da frente. A derrota do Moreirense no Dragão fê-lo descolar e em três jornadas a desvantagem para o quinto passou de três para sete pontos. Menos do que isso, a cinco, está o Farense, de José Mota, numa trajetória mais positiva e até a ameaçar o título honorário de equipa sensação.