Clubes e dirigentes precisam de ter consciência da necessidade de moderar o discurso. Com a época das decisões à porta, acusações gratuitas e propaganda podem servir apenas de incitamento ao ódio.
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A fase das grandes decisões no futebol costuma ser marcada por discursos que pouco acrescentam, palavras ocas para justificar insucessos, que muitas vezes só servem de incitamento ao ódio, independentemente de esse nem sempre ser o verdadeiro objetivo.
No fim, só ganha um e o incrível é que nem todos os que estão envolvidos no desporto percebam isso. O problema é que não raras vezes este tipo de comunicação, dando a cara ou dissimulada em contas bem pagas nas redes sociais, serve de rastilho à violência.
Quando ainda faltam 13 jornadas para o fim do campeonato, com tudo aberto, portanto, percebemos que o clima começa a tornar-se efervescente. Por agora, as vítimas são os jornalistas. Após o clássico entre Sporting e FC Porto, no exterior do Estádio de Alvalade, um repórter de uma estação televisiva teve de enfrentar a ira dos simpatizantes leoninos; anteontem, em Braga, também um repórter fotográfico foi agredido, no interior do recinto.
Não consigo dissociar a ira dos adeptos das declarações e do comportamento dos dirigentes, bem como da comunicação de guerrilha, tão típica do futebol português. Pelo que se justifica o apelo a um final de época responsável por parte de todos os intervenientes no fenómeno, Comunicação Social incluída. Ninguém precisa de se calar, basta que projetem e defendam os seus clubes e pontos de vista com urbanidade, assumindo os erros e percebendo lapsos dos outros. Só assim será possível evitar uma generalização dos episódios de violência, que normalmente causam problemas a quem não tem culpa nenhuma.