O valor ridículo da multa aplicada ao adjunto do Benfica que se acantonou com a bola no banco, atrasando a reposição, é quase um prémio ao antijogo.
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O tempo útil de jogo, ou a falta dele, é um dos problemas do nosso campeonato.
A Liga tem apostado na sensibilização de clubes, jogadores e técnicos no sentido de evitar as paragens patéticas a que vamos assistindo. Umas mais outras menos, é certo, mas todas as equipas se socorrem deste expediente, com jogadores caídos e a queixarem-se ao mínimo sopro, apanha-bolas anestesiados, esperas desesperantes pela análise dos lances no VAR e, nesta nervosa aproximação ao final da temporada, a novidade de termos visto, no Benfica-Sporting de Braga, um treinador-adjunto esconder a bola no banco, para evitar uma rápida reposição.
Num país com falta de cultura desportiva - ao contrário do que alguns querem vender, basta assistir às ligas inglesa e alemã para perceber que não é assim em todo o lado - é preciso mais do que reuniões com supostos compromissos de erradicar este tipo de ações, que bem vistas as coisas encerram também uma total falta de respeito por quem paga para ver os jogos, no estádio ou pela TV.
Quando vemos o valor da multa aplicada ao Benfica pelo comportamento de um elemento da equipa técnica é impossível não duvidar da falta de vontade de acabar com este tipo de expediente. Que Fernando Ferreira seja punido com um jogo de castigo, ainda se aceita, pagar uma multa de 1 530 euros é quase um prémio. Para provarem que estão realmente empenhados na mudança, os dirigentes devem rever o valor das penalizações, tanto aos prevaricadores a título individual como aos clubes que dão ordem de adormecimento aos apanha-bolas quando dá jeito. Se nada fizerem, mostram, uma vez mais, que só estão preocupados em atingir os objetivos, seja lá como for, perdendo toda a legitimidade para se queixarem quando se acham vítimas de alguma coisa, o que em Portugal acontece todas as semanas, porque parece que ninguém é derrotado por erros próprios.