A lesão de Gabriel Veron num torneio jogado durante as férias está a dar que falar, com sentenças de crucificação aplicadas por pessoas que, antes dos 20 anos, provavelmente já eram velhas.
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Imprudente, o jovem Gabriel Veron, avançado do FC Porto, expôs-se ao participar num torneio de futebol "2x2" nas férias.
Como um azar nunca vem só, depois de uma época entre promessas travadas por problemas físicos lesionou-se, no Brasil, violando um dos 500 mandamentos do profissional de futebol, que sempre parte com indicações do clube para não se meter em jogatanas nas pausas. Nem a feijões.
Conhecida a fatalidade, os dedos apertaram os gatilhos da crítica como quem descasca amendoins. Mais irresponsáveis e menos bem educados do que Veron, adeptos de todos os quadrantes, uns mais zangados, outros mais divertidos, esforçaram-se pelo melhor insulto. Não faltou o argumento dos milhões que os jogadores ganham, como se os dirigentes tivessem uma arma apontada na hora de lhes oferecer os contratos.
Por vezes, o melhor mesmo é fechar olhos e tapar ouvidos, sobretudo às redes sociais e ao comentário tóxico, reunindo-se assim as condições para pensar um bocadinho. Veron não esteve bem, isso é claro. Só que tem apenas 20 anos, provavelmente, aprende da pior maneira, mas com o tempo a favor. O erro, por outro lado, é democrático. Ninguém está imune, nem milionários de outros setores, que os também cometem e ninguém se incomoda com isso.
Por último, mesmo percebendo a preocupação das sociedades desportivas com os seus jogadores, os ativos mais valiosos que possuem, duvido que a legislação laboral portuguesa acolha regulamentos que determinem o que um trabalhador pode fazer durante as férias. E todos os clubes os têm. O Sindicato já se lembrou disso?